Notícia
Afinal, audição de Zuckerberg no Parlamento Europeu vai ser pública
Pressionado por vários grupos políticos, o presidente do Parlamento Europeu pediu ao CEO do Facebook para que a audição fosse pública. Zuckerberg aceitou.
"Discuti pessoalmente com o CEO do Facebook, o senhor Zuckerberg, a possibilidade de transmitir o encontro", escreveu Tajani no Twitter esta segunda-feira, anunciando depois que o norte-americano aceitou o pedido. "Agradeço-lhe pelo respeito mostrado perante o Parlamento Europeu", acrescentou o presidente do Parlamento Europeu. O encontro decorre esta terça-feira em Bruxelas às 18h15 (17h15 em Lisboa) e terá a duração de uma hora e 15 minutos.
A ida de Zuckerberg ao Parlamento Europeu foi anunciada na semana passada após várias semanas de negociações com a equipa do Facebook. O objectivo do encontro é "clarificar assuntos relacionados com o uso de dados pessoais", nomeadamente o escândalo da Cambridge Analytica. Nessa altura, questionada pelo Negócios, fonte oficial do gabinete de Antonio Tajani disse que o encontro seria privado, no mesmo formato da conferência de líderes do Parlamento Europeu, seguido de uma conferência de imprensa.I have personally discussed with Facebook CEO Mr Zuckerberg the possibilty of webstreaming meeting with him. I am glad to announce that he has accepted this new request. Great news for EU citizens. I thank him for the respect shown towards EP. Meeting tomorrow from 18:15 to 19:30
— Antonio Tajani (@EP_President) 21 de maio de 2018
O encontro à porta fechada foi logo alvo de críticas pela esquerda europeia e pelos liberais, além de ter recebido a oposição de uma comissária europeia. Os Verdes europeus chegaram mesmo a propor que o encontro fosse transmitido na internet: "Os europeus não são utilizadores do Facebook de segunda classe", comentou a eurodeputada dos Verdes, Ska Keller. A mesma exigência foi feita pelos socialistas europeus pela voz do novo líder parlamentar, Udo Bullmann. "Porque não um directo no Facebook?", chegou a questionar Guy Verhofstadt, o líder dos liberais europeus (ALDE). Agora vai ser possível.
A principal voz contra o formato do encontro foi a comissária europeia da Justiça, Vera Jourová, que, no Twitter, tinha deixado uma confissão: "Pena que isto não vá ser uma audição pública"."Existem mais utilizadores europeus doFacebook do que há nos EUA e os europeus merecem saber como é que os seus dados estão a ser geridos", argumentouJourová, que recebeu uma resposta imediata deTajani, também noTwitter: "Não é o seu trabalho controlar ou criticar o Parlamento Europeu".
Glad that Mark Zuckerberg accepted invitation from @Europarl_EN and will come to Brussels to answer European questions on privacy. Pity this will not be a public hearing. There are more EU users on FB than there are in the US & Europeans deserve to know how their data is handled.
— Vera Jourová (@VeraJourova) 16 de maio de 2018
A pressão das críticas acabou por forçar Tajani a pedir a Zuckerberg para fazer uma audição pública, o que foi aceite pelo CEO do Facebook. O norte-americano vai responder aos eurodeputados cerca de mês e meio após ter estado no Senado e Congresso dos EUA durante longas horas. Estima-se que 2,7 milhões de europeus tenham sido afectados pelo caso Cambridge Analytica, incluindo 67 mil portugueses.
Segundo o anúncio da semana passada, existirá ainda uma audição conjunta com o Facebook e outras partes interessadas para fazer uma análise aprofundada dos aspectos relacionados com a protecção de dados pessoais. Um dos temas em destaque será o "potencial impacto nos processos eleitorais na Europa".
Além de ir ao Parlamento Europeu, Zuckerberg aceitou o convite de Emmanuel Macron para um encontro noEliseu, mas rejeitou o convite do Parlamento britânico.
(Actualizado com mais informação)