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Jack Dorsey: O homem que quis ser marinheiro está agora ao leme do Twitter

Tem 38 anos, gosta de tatuagens e de ler livros de ficção científica. Quis ser marinheiro, alfaiate e pintor surrealista. Acabou por se virar para as tecnologias e é hoje o presidente da rede social Twitter e da empresa de pagamentos por telemóvel Square.

Bloomberg
10 de Outubro de 2015 às 15:00
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Jack Dorsey nasceu em St. Louis, a 19 de Novembro de 1976, e vive actualmente em São Francisco. É o fundador e CEO da Square, empresa de pagamentos por telemóvel que prevê entrar em bolsa este ano, e desde 5 de Outubro foi o nome escolhido para liderar a rede social de micromensagens que ajudou a fundar: o Twitter.

Desde que Dick Costolo se demitiu da presidência executiva do Twitter que Dorsey estava a acumular as duas funções, mas havia grandes dúvidas quanto ao facto de ele ser capaz de gerir duas empresas em simultâneo. No entanto, após três meses como CEO da rede social, deu a confiança necessária para ser eleito no cargo. E não é uma estreia. Dorsey tinha já sido presidente executivo do Twitter, mas foi afastado em 2008 devido nomeadamente à sua fraca capacidade de liderança e à sua atitude despreocupada, que o fazia sair mais cedo do trabalho para ir fazer ioga ou frequentar aulas de desenho, conforme lembram a Wired e a Re/Code. Só regressou à empresa em 2011, como "chairman" executivo, mas saiu em finais de 2012 para se dedicar mais à Square.

Agora, uns anos volvidos, Dorsey parece ter o que é preciso. "Dorsey cresceu. Parece outra pessoa, não só em aparência, mas também em visão", diz a Re/Code. E não é a primeira vez que alguém acumula dois cargos de presidente executivo, especialmente no universo de Silicon Valley. Aconteceu com Steve Jobs, que liderou simultaneamente a Apple e a Pixar, e com Elon Musk, que está à frente da Tesla Motors e da SpaceX. E até tem uma vantagem: a sede do Twitter fica a apenas um quarteirão dos escritórios centrais da Square.

Mas quem é Jack Dorsey?

Actualmente com 38 anos, é conhecido pelo seu estilo irreverente. Já usou uma argola no nariz e teve uma barba grande e volumosa, ao estilo de Rasputin e ainda muito na moda. Entretanto, recentemente, optou por usar barba mais curta e apresenta-se com um visual mais sóbrio, muito ao estilo de Steve Jobs, o falecido co-fundador da Apple que Dorsey muito admira. A sua mãe, Marcia Smith, ficou feliz. Há muito que lhe pedia para cortar a barba: "não sou fã de barbas. O Jack tem um rosto lindo. Gosto de o ver", escreveu Marcia num tweet.

Largou também as calças de ganga e as t-shirts brancas, que eram a sua imagem de marca. Substituiu-os por elegantes fatos da Hermes e Prada e já não quer fazer tudo sozinho – uma característica que o tornava bastante impaciente. "Contratou super-estrelas [como Françoise Brougher, que veio da Google, e Gokul Rajaram, que era o director de produto no Facebook] e delegou imensamente", conta a Re/Code.

Em Abril passado, esteve no campus da Universidade de Washington, com alunos de engenharia e gestão, onde falou um pouco sobre a sua vida. E confidenciou que nunca quis ser empresário. "Queria ser marinheiro e explorar o mundo", assumiu, citado pelo Ollin Blog. Depois quis ser alfaiate – gostava de ver pessoas que têm orgulho e são metódicas profissionais no que fazem. Na sua conta no Instagram, a descrição que usa reflecte os seus sonhos primeiros: "a sailor, a tailor". Quis ainda ser pintor surrealista. Admira esta corrente e é fã do fotógrafo Man Ray.

Contou também que gosta de ler obras de ficção científica e que um dos seus autores favoritos é William Gibson. "O futuro já chegou. Só ainda não foi equilibradamente distribuído" – Dorsey faz desta frase de Gibson o seu lema. "Lembrem-se desta citação. A vossa função é criar e distribuir o futuro de forma equilibrada", disse à audiência de alunos que o escutou em Washington.

Jack Dorsey gosta também muito de Ernest Hemingway e lê "O velho e o mar" pelo menos uma vez por ano.

 

Tem raízes italianas, do lado da mãe, e uma das suas palavras favoritas é "Porquê?". O pai, Tim Dorsey, trabalhava numa fabricante de espectrómetros de massa, o que desde cedo o mergulhou no mundo da inovação.

A primeira memória vívida da televisão remonta a 1983, com Michael Jackson a cantar "Billie Jean".  É canhoto e a sua bebida preferida é tequilha.

Vai para o trabalho a pé ou de autocarro, tanto por razões ecológicas como profissionais – é que assim pode espreitar o que fazem os restantes passageiros nos seus telemóveis, observando as aplicações que usam… e como, relata a Vanity Fair.

A sua tatuagem, no braço esquerdo, representa – entre outras coisas, como diz a Biography.com -, o osso da clavícula. Há um ano, insistia à CNN Money que continuava a ser um punk. Mas o tempo do cabelo azul e da argola no nariz já passou.

"É uma das histórias com origens mais encantadoras no sector das tecnologias:  este rapaz de St. Louis teve uma infância feliz, mergulhado em mapas, linhas ferroviárias e sistemas de comunicação entre táxis, correios e viaturas de emergência. Aos 20 anos, começou a desenvolver software para uma empresa de expedição de encomendas em Nova Iorque. Aos 23 criou uma aplicação que lhe permitia enviar, a partir do telemóvel, curtas mensagens de texto mostrando por onde andava e as actividades do momento. Seis anos mais tarde, em 2006, na época a trabalhar numa empresa de software em São Francisco, reformulou a sua ideia, refinou-a e transformou-a em algo chamado… Twitter", conta a Vanity Fair.

Desde cedo se interessou por computadores e comunicações e ainda jovem aventurou-se na programação. Estudava na secundária Bishop duBourg e já se sentia fascinado pelo desafio tecnológico de coordenar as mensagens entre táxis, carrinhas de entregas de encomendas e outras frotas de veículos que precisavam de estar em constante comunicação, em tempo real, pelo que aos 15 anos criou o software de apoio ao reencaminhamento de mensagens que é ainda hoje usado por algumas empresas de táxis, refere a Biography.com.

Foi através desse sistema que testemunhou milhares de trabalhadores, no terreno, a actualizarem constantemente o que faziam e onde estavam. O Twitter é uma simplificação desse sistema, concebido para uso generalizado e alargado a milhões de pessoas.

Antes do Twitter, e por entre as suas actividades já ligadas às tecnologias, Dorsey foi ainda massagista terapeuta e o seu método preferido era a terapia crânio-sacral.

Tem agora em mãos um duplo desafio: levar a bom porto duas empresas que se distinguiram e o destacaram, tornando-o um dos 400 homens mais ricos do mundo (307º lugar no ranking da Forbes). É o 92º mais rico na lista das personalidades mais abastadas do sector tecnológico e a 10 de Outubro a sua fortuna estava avaliada em 2,3 mil milhões de dólares. É também, segundo a Time, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, e foi considerado pela Tecnology Review "um extraordinário inovador".

E inovação é uma palavra que continua a constar do seu dicionário: há novidades à espreita no Twitter.

A rede social das micromensagens: Como tudo começou

O primeiro tweet foi escrito por Jack Dorsey, a 21 de Março de 2006. Esta rede teve uma forte popularidade desde o seu nascimento. Começou por ser um projecto de investigação e desenvolvimento dentro da Obvious, uma pequena "start-up" de São Francisco – sendo que o nome original do produto era twttr, inspirado numa outra rede social, a Flickr.

Inicialmente, o Twitter funcionava apenas internamente, na rede da Obvious, mas em Outubro de 2006 foi oficialmente lançado ao público.


O Twitter permite escrever mensagens até 140 caracteres, mas desde Agosto passado que têm corrido muitas informações dando conta da intenção da rede social de aumentar esse limite. Poderá ser uma das próximas novidades, já pela mão de Jack Dorsey.

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