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Huawei lança campanha de sedução sem precedentes para responder a críticas

Visitas guiadas a algumas de suas instalações mais sensíveis. Uma reunião privada para a imprensa internacional com o seu principal executivo. Um diário pessoal emocionado descrevendo um terramoto devastador. Nas semanas seguintes à prisão inesperada da sua directora financeira, a sempre sigilosa Huawei Technologies parece agora outra empresa.

29 de Dezembro de 2018 às 09:00
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A detenção da directora financeira Meng Wanzhou, no Canadá, despertou uma atenção sem precedentes sobre a maior tecnológica da China, que se viu no centro das tensões entre americanos e chineses. Como os EUA acusaram Meng, filha de Ren Zhengfei, o bilionário fundador da Huawei, de cometer fraude bancária por violar as sanções iranianas, até mesmo os controlos internos da empresa foram questionados. Em resposta, a empresa lançou uma campanha de sedução pouco habitual, dizendo que se trata de difamações contra uma cidadã internacional fundamental para o futuro das comunicações móveis.

 

Nos últimos anos, a Huawei tomou medidas para enfrentar reclamações sobre falta de transparência divulgando mais resultados financeiros e construindo laboratórios para exibir a tecnologia que controla. Mas nos últimos tempos a empresa realizou esforços atípicos, convidando a imprensa estrangeira para visitar os seus campus na China e abrindo sua sigilosa base de pesquisa "Casa Branca" à imprensa. Naquela que talvez tenha sido a decisão mais incongruente, a Huawei divulgou um trecho de 700 palavras de um diário que, segundo a empresa, Meng escreveu após receber correspondência de uma fã japonesa anónima. O título do texto é "Sempre há bondade nas pessoas!" e explica que a autora da carta estava "muito triste" com a prisão de Meng no Canadá e que "não pode continuar calada".

 

Na terça-feira, a empresa tomou a decisão invulgar de disponibilizar o presidente do conselho, Ken Hu, para uma sessão de perguntas e respostas de duas horas de duração.

 

"O ano foi bastante agitado, não foi?", disse Hu aos jornalistas, defendendo o histórico da empresa e criticando as acusações dos EUA a respeito da independência e da suposta participação da empresa em espionagem. "Muitos países têm diversas preocupações em relação ao 5G. A maioria dessas preocupações é razoável e baseada na tecnologia. Trabalharemos com governos e operadoras para eliminar essas preocupações."

 

A necessidade de comunicação da Huawei é compreensível dada a sua posição: o dispendioso esforço de anos para conseguir uma posição forte para a futura tecnologia de quinta geração, ou 5G, agora corre o risco de chocar com o conflito entre as duas maiores economias do mundo. A empresa tem de garantir novamente aos clientes de todo o mundo que é a melhor opção e dissipar o receio de que os seus equipamentos não sejam seguros ou que possam ser sabotados por Pequim - algo que a empresa sempre negou.

 

No texto do diário fornecido pela Huawei, Meng descreveu meticulosamente a resposta mais do que adequada da empresa aos terramotos que abalaram o Japão e o Nepal há anos e descreveu a onda de apoio recebida de todo o mundo.

"O meu advogado disse-me que exerce a profissão há mais de 40 anos e que nunca viu nada parecido, com tantos estranhos dispostos a oferecer garantias a uma pessoa que não conhecem pessoalmente", escreveu Meng (na foto em baixo).

 

Texto original: Huawei Is Sharing an Excerpt From Its Arrested CFO’s Diary

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