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Huawei é força motriz das ambições tecnológicas da China

A Huawei fecho o terceiro trimestre do ano com uma quota de mercado de 15%, superada apenas pela Samsung. Apenas dois anos antes, tinha cerca de 9% do mercado.

Bloomberg
16 de Dezembro de 2018 às 16:00
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A surpreendente prisão de Meng Wanzhou, directora financeira da Huawei Technologies, detonou uma bomba política na empresa e intensificou um risco fundamental: que mais e mais países coloquem os seus "switches", "routers" e telefones na lista negra por causa do crescente receio de que eles possam ser sequestrados por espiões estrangeiros.

 

No entanto, dentro da sede da Huawei em Shenzhen, um sigiloso grupo de engenheiros trabalha sem se preocupar com estes riscos. Os engenheiros estão focados no que vem a seguir: uma série de tecnologias de inteligência artificial, computação em nuvem e chip que é crucial para as prioridades nacionais da China e para o futuro da Huawei. Enquanto a guerra comercial se desenrola, o governo da China faz pressão para criar uma indústria menos dependente dos semicondutores e software de ponta dos EUA.

 

A detenção de Meng, longe de diminuir estas ambições, vai acelerar a queda desta "cortina de silício", quando os EUA e a China deixarão de fornecer chips um ao outro, escreveu Gus Richard, analista da Northland Capital Markets, em relatório recente. "A Huawei é o ícone da ascensão da potência industrial da China", escreveu o mesmo analista.

 

Embora um tribunal canadiano tenha concedido fiança a Meng, a gestora deve permanecer na região de Vancouver enquanto aguarda a possível extradição para os EUA por acusações de fraude.

 

A empresa está a investir grandes recursos em tecnologia de última geração, na tentativa de replicar o sucesso que teve noutras áreas. Durante a última década, a companhia de capital fechado tornou-se discretamente um titã em equipamentos de redes e de telecomunicações, agora atrás apenas da Cisco Systems, que tem sede em San Jose, Califórnia.

 

A seguir, a Huawei entrou no mercado de smartphones e, surpreendendo a maioria dos analistas, superou a participação de mercado da Apple no início deste ano. No terceiro trimestre do ano, a empresa chinesa teve 15% da quota mundial, atrás apenas da Samsung Electronics, de acordo com dados da IDC. Apenas dois anos antes, tinha cerca de 9% do mercado.

 

O conhecimento técnico da Huawei, combinado com os seus vínculos com empresas de alto nível e com o governo da China, poderá criar outra surpresa num campo que muitos consideram ser a espinha dorsal da tecnologia futura.

 

Essas ambições condizem com os objectivos do governo. O presidente Xi Jinping quer que a China seja um líder auto-sustentável em semicondutores - e a Huawei está a mostrar que isso é possível. Xi quer que a China tenha uma presença global - e a Huawei tem. Xi quer que a China passe da produção básica para indústrias mais lucrativas, com benefícios para o país - e a Huawei também.

 

A Enterprise Business Group da Huawei, que em vendas de redes e smartphones fica, vende componentes e serviços para dispositivos ligados à internet, cidades inteligentes e produtos em nuvem. A empresa facturará mais de 10 mil milhões de dólares este ano, cerca de um décimo do total geral da companhia, disse Qiu Heng, director de marketing da divisão, numa entrevista em Novembro.

 

A empresa espera que as vendas corporativas dupliquem a cada dois anos. Isto significa que a unidade facturaria 100 mil milhões de dólares em 2025, ano estabelecido pelo governo da China para chegar à independência na produção tecnológica. E estas projecções não contemplam negócios nos EUA - Qiu disse que as estimativas para a sua divisão excluem os EUA, onde a Huawei é um pária político.

(Texto original: Inside Huawei: The Driving Force of China’s Tech Aspirations)

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