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Tarifas de Trump abalam perspetivas de entrada da Shein na bolsa de Londres
A previsível descida de lucros com o fim anunciado das isenções a pequenas encomendas no mercado norte-americano fez rever em baixa avaliação da plataforma de moda.
O fim da isenções de taxas alfandegárias a pequenas encomendas oriundas com origem na República Popular da China pela Administração norte-americana, incluído no anúncio de tarifas adicionais de 10% ao país em vigor desde o início da semana, terá levado a uma revisão em baixa do valor de avaliação da plataforma de comércio de roupa Shein para uma entrada na bolsa de Londres que é esperada neste ano.
De acordo com a Reuters, que citou fontes próximas da operação na sexta-feira, a avaliação da empresa para uma oferta pública inicial terá caído para 50 mil milhões de dólares (48,3 mil milhões de euros ao câmbio atual), representando menos um quarto da avaliação estabelecida na angariação de financiamento da empresa em 2023.
A revisão em baixa para a possível operação no mercado londrino ocorre depois do decreto presidencial de Donald Trump para tarifas adicionais à China em vigor desde 4 de fevereiro ter incluído o fim da isenção "de minimis" para a entrada de encomendas de baixo valor (até 800 dólares) com origem no país asiático.
Entretanto, o decreto foi suspenso temporariamente na sexta-feira até que "os sistemas adequados estejam em funcionamento para processar e cobrar as receitas de tarifas de forma integral e expedita", de acordo com uma nova ordem presidencial.
Ainda assim, o fim anunciado do duty-free deverá representar uma redução de lucros da Shein e a subida dos preços dos produtos de moda vendidos no mercado norte-americano, o maior da plataforma retalhista chinesa. Juntas, Shein e Temu serão responsáveis por mais de 30% das parcelas expedidas para os Estados Unidos diariamente ao abrigo da isenção que existia até aqui.
A oferta pública inicial da Shein em Londres está prevista para a primeira metade deste ano, dependendo da aprovação dos reguladores britânico e chinês. Segundo a Reuters, o pedido de luz verde à operação terá sido apresentado pela palataforma chinesa já em junho passado com o supervisor do mercado a não tomar uma decisão até aqui, num processo mais demorado do que o habitual.
Inicialmente, a Shein planeava entrar em bolsa no mercado norte-americano, iniciativa que acabaria por ceder perante litígios com concorrentes e alegações de más práticas laborais levantadas pelos membros do Congresso norte-americano.