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Google cria Alphabet que a vai substituir em bolsa
A Google anunciou esta segunda-feira à noite um plano de reestruturação, que prevê uma nova estrutura operacional. É criada a Alphabet, que deterá a Google a 100% e que a substituirá como cotada em bolsa. Cada unidade de negócio terá um CEO. Acções seguem a disparar perto de 6%.
A Google acaba de anunciar planos para uma nova estrutura operacional. Será criada uma nova empresa, a Alphabet, que a substituirá em bolsa e que agregará várias companhias representando as diversas unidades de negócio do grupo.
A ideia é que esta nova estrutura arranque já com a apresentação dos resultados do quarto trimestre da dona do motor de busca mais popular do mundo.
Segundo o comunicado da tecnológica, cada unidade de negócio terá um CEO. O presidente executivo da Google será Sunsar Pichai, ao passo que Lary Page e Sergey Brin ficarão à frente da Alphabet.
Assim, Larry Page - co-fundador da Google - será o CEO da Alphabet, ao passo que o outro co-fundador, Sergey Brin (actual director do departamento tecnológico), será o presidente. Ruth Porat será a directora financeira.
Sundar Pichai, que é assistente de Page, será promovido a presidente executivo da Google Inc. que gera o grosso dos 60 mil milhões de receitas anuais da Google.
A Google está a proceder a esta mudança para clarificar a diferença entre a sua actividade principal e as empreitadas de mais longo prazo, refere.
A holding, a Alphabet, incluirá a Google e a Calico, uma unidade autónoma onde serão inseridas a Google Ventures, Google Capital, Google X e outras subsidiárias. A ideia é separar o motor de busca, o YouTube e outras companhias de Internet das suas unidades de investigação e investimento.
"Conforme Sergey e eu escrevemos na primeira carta da empresa, na qualidade de fundadores, ‘a Google não é uma empresa convencional e não tenciona tornar-se numa’. (…) Fizemos muitas coisas que pareceram doidas na altura. Muitas dessas loucuras têm agora mais de mil milhões de utilizadores, como o Google Maps, YouTube, Chrome e Android. E não nos ficamos por aqui. Estamos ainda a tentar fazer coisas que outras pessoas consideram loucuras mas que nos empolgam imenso", sublinha Larry Page no comunicado divulgado esta segunda-feira, 10 de Agosto.
"O que é a Alphabet? É sobretudo um conjunto de empresas, sendo que a maior delas é, obviamente, a Google. Esta nova Google estará um pouco mais magra, com as empresas que estão mais distantes dos nossos principais produtos de Internet a serem integradas na Alphabet. E o que queremos dizer com ‘mais distantes’? Temos bons exemplos na nossa vertente da saúde: a Life Sciences (que trabalha nas lentes de contacto de uso diário que medem a glucose do utilizador) e a Calico (focalizada na longevidade). Fundamentalmente, acreditamos que isto nos permitirá atingir uma maior escala em termos de gestão, pois poderemos gerir de forma autónoma as coisas que não estiverem relacionadas", acrescenta.
No mesmo documento, Page explica que a Alphabet irá substituir a Google Inc. como empresa cotada e que todas as acções da Google serão automaticamente convertidas no mesmo número de acções da Alphabet, com os mesmos direitos. "A Google tornar-se-á uma subsidiária detida a 100% pela Alphabet. As nossas duas classes de acções continuarão a negociar no índice Nasdaq com os ‘tickers’ GOOGL e GOOG", sublinha.
"Para Sergey e para mim, este é um novo capítulo empolgante na vida da Google – o nascimento da Alphabet. Gostámos do nome Alphabet porque significa um conjunto de letras que representam a linguagem, uma das mais importantes inovações da humanidade, e porque é o essencial de como indexamos as nossas pesquisas no motor de busca da Google. Também gostamos do facto de significar alfa-bet (aposta no alfa [Alpha é o retorno do investimento acima da referência]), que é aquilo por que nos esforçamos!", diz ainda o comunicado, salientando que não é intenção da empresa tornar-se uma grande marca de consumo com produtos relacionados: "a ideia é que as empresas da Alphabet sejam independentes e desenvolvam as suas próprias marcas".
As acções seguem a escalar na negociação fora de horas, a dispararem 5,8% após a divulgação desta notícia, depois de terem encerrado a sessão regular desta segunda-feira a caírem perto de 1% para 663,14 dólares. No acumulado do ano, valorizam 25%.
No passado dia 17 de Julho, a Google reportou lucros e receitas relativos ao segundo trimestre que ficaram acima das estimativas dos analistas.
A Google registou um resultado líquido de 3,93 mil milhões de dólares no segundo trimestre, contra 3,35 mil milhões um ano antes. Sem contabilizar itens extraordinários, os lucros ascenderam a 6,99 dólares por acção, quando os analistas projectavam 6,53 dólares por acção.
Já as receitas, excluindo vendas transitadas para "sites" parceiros, aumentaram 13% face ao período homólogo do ano passado, para 14,4 mil milhões de dólares, anunciou a empresa. A média estimada pelos analistas inquiridos pela Bloomberg apontava para 14,3 mil milhões de dólares.
Na apresentação de resultados, a nova directora financeira da Google, Ruth Porat [que integrou a tecnológica no passado mês de Maio, vinda do Morgan Stanley], sublinhou que a empresa tem planos para ser ainda mais restrita nos gastos e que estará focalizada no controlo de custos, o que animou as cotações.
"Numa altura em que a empresa procura formas de impulsionar o crescimento das receitas, o CEO, Larry Page, tem estado a investir em projectos novos – e por vezes dispendiosos -, desde automóveis sem condutor até a um rápido serviço de Internet. Por isso, Porat promoveu a confiança dos investidores ao dizer que a empresa irá equilibrar essas iniciativas com a necessidade de ser controlada nas despesas", referiu então a Bloomberg.
(notícia actualizada pela última vez às 23h08)