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Google, o desafio só agora começou para Sundar Pichai

As acções da Google dispararam após o anúncio da reestruturação da Goggle. Os mercados receberam de “braços abertos” a criação da Alphabet e a nomeação de Sundar Pichai como CEO do Google. O novo CEO conquistou a pulso este lugar e tem pela frente “um dos trabalhos mais difíceis em toda a indústria da tecnologia”.

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Google's Alphabet Reorganizes Business, Leadership
11 de Agosto de 2015 às 17:31
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Sundar Pichai é o novo CEO do Google e "agora é que vem a parte difícil", escreve a Bloomberg esta terça-feira, 11 de Agosto, num dia em que os mercados aplaudiram a criação da Alphabet, a empresa que irá deter 100% da Google e que vai permitir separar as diferentes unidades de negócio do grupo. Os investidores respiram de alívio.

"A tecnologia acontece tão depressa, a mudança é mais continua para as pessoas e às vezes elas não a internalizam", disse Sundar Pichai numa entrevista à Bloomberg em 2014, recordando os tempos de infância em que tinha de apanhar um autocarro e fazer uma viagem de duas horas e meia para ir buscar as análises de sangue de um parente. Na infância do novo CEO da Google não havia computadores, internet, carro, telefone ou sequer uma televisão. Para si, a tecnologia "acontecia" nestes "discretos momentos" do dia-a-dia.

Mais tarde, as suas capacidades garantiram-lhe uma bolsa no Indian Institutes of Technology (IIT), depois, em 1993, o sacrifício dos pais – que praticamente secaram as suas poupanças – e uma nova bolsa de estudos levaram-no para os EUA, mais especificamente para a Universidade de Stanford. Sundar reconhece, mas não dramatiza: "o meu pai e a minha mãe fizeram aquilo que muitos pais fizeram na altura (…) sacrificaram muito das suas vidas e usaram muito dos seus rendimentos para garantir que os filhos podiam estudar".

Hoje, no comando da Google, as memórias ficam no passado e colocam-se outros desafios a este indiano de 43 anos, cuja ascensão na Google a CNN caracterizou como "meteórica". "Agora vem a parte difícil", escreve a Bloomberg, dizendo que Sundar tem agora o "papel de posicionar a Google para o futuro", "um dos trabalhos mais difíceis em toda a indústria da tecnologia".

"Quando se é 90% do mercado, é difícil crescer muito mais", salienta Brian Wieser, analista da Pivotal Research, citado pela agência noticiosa.

Entre os desafios que se colocam ao novo CEO da Google está a capacidade de adaptar os produtos da empresa aos dispositivos móveis com o mesmo sucesso que estes tiveram na era do desktop, fazer frente ao rápido crescimento da Amazon nas áreas do e-commerce e do armazenamento virtual, e ao Facebook no domínio das redes sociais.

Nos últimos anos, ninguém na Google conseguiu conquistar a confiança depositada em Pichai pelos fundadores da empresa. Lançou o Google Chrome, o motor de busca da marca e hoje um dos ‘browser’ mais utilizados mundialmente, ficou responsável pelo sistema operativo Android e tornou-se depois chefe de produto. Nos últimos anos era já um dos rostos do Google e tem um conhecimento enciclopédico da empresa, revelou à Bloomberg Alan Eustace, ex-executivo do grupo.

"Acredito que é o nosso [do Google] momento, mas o chão debaixo dos nossos pés está constantemente a mudar e a evoluir", disse Pichai numa entrevista à Bloomberg no ano passado. "Ou te adaptas, estás na linha da frente e lideras isto, ou alguém toma o teu lugar", concluiu.

A sua maneira de pensar está em linha com a de Larry Page e Sergey Brin, fundadores do Google, e o mercado parece acreditar na capacidade de liderança de Sundar Pichai. As acções da empresa dispararam mais de 6% esta terça-feira, 11 de Agosto, na sequência do anúncio da reestruturação, chegando a valer 673,40 dólares.

"Na indústria da tecnologia, onde as ideias revolucionárias conduzem às futuras áreas de crescimento, é preciso estar um pouco desconfortável para permanecer relevante", escreveu o fundador o Google, Larry Page no comunicado publicado ontem e que dá conta da criação da Alphabet, a nova empresa-mãe do grupo.

 

A Google agora é Alphabet

Esta segunda-feira, 10 de Agosto, a Google anunciou a criação da Alphabet, empresa que irá deter a Google a 100% e que vai substituir a cotada em bolsa. A ideia é que esta nova empresa agregue todas as unidades do grupo, permitindo separar as actividades directamente relacionadas com a internet e as restantes áreas de negócio, como a Life Sciences (que trabalha nas lentes de contacto de uso diário que medem a glucose do utilizador), a Calico (focada na longevidade) ou o Google X (a unidade de inovação).

Na nova estrutura, Sundar Pichai foi promovido a CEO do Google, ficando assim responsável pelo motor que gera o grosso dos 60 mil milhões de receitas anuais do grupo. Larry Page e Sergey Brin, fundadores da empresa, ficarão na liderança da Alphabet, o primeiro como CEO e o segundo como presidente.

A nova estrutura irá permitir a Page e a Brin separar os negócios essenciais – core – daqueles que se destinam a colocar a empresa na liderança da inovação, onde os resultados do investimento efectuado nem sempre são claros para os investidores.

"Tem havido grande especulação sobre quanto dinheiro é colocado nestes outros projectos", diz Colin Gillis, analista da BGC Financial, afirmando que a decisão de criar a Alphabet "colocará um fim a isso". "Isto também vai dar-lhes estrutura para acrescentar uma outra linha de negócio se desejarem adquirir alguma coisa. O mecanismo está montado", explica.

"Teremos Sundar focado no negócio ‘core’ , e teremos o Larry [Page] e o Sergey [Brin] a olhar para os negócios que podem crescer no futuro", diz Sameet Sinha, analista da B. Riley & Co, citado pela Bloomberg.

Com esta reestruturação os investidores "terão mais detalhes sobre como o negócio está a operar", escreve a agência noticiosa, dando conta de uma "preocupação antiga" de Wall Street em torno dos gastos da empresa em projectos tão diferentes como carros auto-conduzidos ou chips em lentes de contacto, onde "não é claro quanto tempo levará esse esforço a compensar".

"Acreditamos que, com o passar do tempo, as empresas tendem a ficar confortáveis a fazer a mesma coisa, introduzindo apenas alterações incrementais", escreveu Page no comunicado emitido para anunciar a nova estrutura da empresa. "A nova estrutura vai permitir-nos focar nas oportunidades extraordinárias que temos dentro da Google", acrescentou.

A nova estrutura, em que a Alphabet integra todas as unidades da empresa, será introduzida por fases nos próximos meses, esclarece a Bloomberg, acrescentando que a conversão de acções para a nova cotada será automática. A Alphabet deverá apresentar os primeiros resultados enquanto ‘holding’ em Janeiro do próximo ano.

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