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Google transferiu 20 mil milhões de euros para paraíso fiscal para escapar a impostos
A gigante tecnológica aumentou em 4 mil milhões de euros o valor transferido para as Bermudas, face ao ano anterior, num esquema conhecido como "Double Irish, Dutch Sandwich", que lhe permite poupar milhões na fatura com impostos.
A Google transferiu, em 2017, 19,9 mil milhões de euros através de uma empresa holandesa para as Bermudas, como parte de um esquema que permite à gigante tecnológica reduzir a sua fatura de impostos, avança a Reuters, citando um documento da Câmara de Comércio holandesa.
O montante transferido através da Google Netherlands Holdings BV em 2017 foi 4 mil milhões de euros superior ao valor canalizado no ano anterior.
Com esta estratégica, conhecida como "Double Irish, Dutch Sandwich", a Google utiliza a sua subsidiária na Holanda para transferir as receitas de direitos obtidas fora dos Estados Unidos para a Google Ireland Holdings, uma empresa irlandesa cuja casa-mãe está sediada nas Ilhas Bermudas, um paraíso fiscal onde as empresas não pagam impostos sobre os lucros.
Ainda que a estratégia seja legal, a Irlanda foi fortemente pressionada pela União Europeia e pelos Estados Unidos a acabar com o esquema, pelo que, em 2014, decidiu eliminar gradualmente esta vantagem à Google, que termina definitivamente em 2020.
Em comunicado, a Google, pertencente à Alphabet, defendeu-se argumentando que que paga todos os impostos devidos em cada um dos países em que opera.
"Pagamos todos os impostos devidos e cumprimos as leis tributárias em todos os países em que operamos em todo o mundo", afirmou a Google, numa nota citada pela Reuters.
"A Google, como outras empresas multinacionais, paga grande parte dos seus impostos no seu país de origem, e nós pagámos uma taxa efetiva de imposto de 26%, em termos globais, nos últimos dez anos".
Segundo a agência noticiosa, a Google Netherlands Holdings BV pagou 3,4 milhões de euros de impostos na Holanda em 2017, sobre lucros de 13,6 milhões de euros.
Tal como a Google, também a Apple foi alvo de um forte escrutínio das autoridades europeias em 2014 devido aos acordos fiscais com a Irlanda, que lhe permitiram reduzir de forma substancial a sua fatura fiscal.
Dois anos mais tarde, a Comissão Europeia acabou por exigir à Irlanda que cobrasse 13,1 mil milhões de euros à Apple em impostos atrasados, num processo que Bruxelas considerou tratar-se de ajudas ilegais do Estado à tecnológica norte-americana.