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Compra da Sharp pela Foxconn concluída até ao final deste mês
O negócio está "preso" por questões legais. Mas o mercado tem dúvidas quanto aos benefícios que a companhia que monta os iphones da Apple terá ao comprar a tecnológica japonesa.
A Foxconn pretende finalizar o acordo para comprar a japonesa Sharp até ao final do mês, depois de ambas as companhias terem chegado a consenso na maioria dos pontos para fechar o negócio.
O anúncio foi feito esta sexta-feira, 5 de Fevereiro, pelo presidente executivo da empresa taiwanesa, Terry Gou, após um encontro com os directores da Sharp. Citado pela Reuters, o responsável explicitou que em curso estavam já negociações exclusivas entre as duas empresas. E que em aberto estavam apenas aspectos legais e regulatórios.
"Há consenso", afirmou Gou aos jornalistas. "O resto é um processo. Não vejo qualquer problema para o completar", assegurou.
O encontro com a cúpula da Sharp aconteceu um dia depois de tomada a decisão de iniciar negociações exclusivas com a Foxconn, formalmente denominada Hon Hai Precision Industry Co, descartando a oferta japonesa rival, liderada pelo fundo público-privado japonês Innovation Network Corporation of Japan (INCJ).
A Foxconn, que monta os iphones da Apple, ofereceu 659 mil milhões de ienes (cerca de 5 mil milhões de euros) pela Sharp, segundo fontes não identificadas, citadas pela agência noticiosa.
A concretizar-se, esta será a maior compra protagonizada pela taiwanesa e a mais cara aquisição de uma tecnológica japonesa por uma empresa estrangeira.
Porém, apesar de muitos investidores acreditarem na capacidade de Gou, realçando que concretizou o maior contrato mundial quanto a fabrico de gadgets, a Reuters noticia que comprar a Sharp pode ter tantos ou mais riscos que benefícios.
A aquisição dará acesso à tecnologia de ponta da japonesa no fabrico de ecrãs, mas os principais clientes da Foxconn procuram agora soluções mais flexíveis para incluir nos seus equipamentos.
Outras preocupações prendem-se com a desaceleração nas vendas globais de smartphones, bem como com a forte competição das fabricantes chinesas e sul-coreanas, que têm contribuído para diminuir a procura dos ecrãs de cristais líquidos (LCD) produzidos pela Sharp, que, apesar de dois planos de ajuda milionários nos últimos quatro anos, não está a conseguir recuperar.
"O ambiente macro não é muito bom", analisa Vincent Chen, do Yuanta Research, em Taipé. "Terry é muito calculista e tem coragem, mas ainda assim penso que há um grande risco", acrescenta.
"A oferta da Foxconn é cara, o que mostra o quão desesperadamente a companhia quer a tecnologia da Sharp", considerou Takatoshi Itoshima, director de portefólio na Commons Asset Management.