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Foxconn compra japonesa Sharp por 5,66 mil milhões
A aquisição, que abre caminho à Foxconn para o mercado dos "displays", tem ainda de ser validada pelos accionistas. Os analistas dizem que o negócio pode gerar conflitos de interesse entre as duas empresas.
A empresa de Taiwan Foxconn, um dos fornecedores da Apple, acordou com a administração da Sharp a compra da electrónica japonesa por 6,24 mil milhões de dólares (5,66 mil milhões de euros), avança esta quinta-feira, 25 de Fevereiro, o Wall Street Journal (WSJ).
A publicação, que cita fontes próximas do processo, refere que este é um caso raro no Japão, uma vez que está em causa a venda a uma companhia estrangeira de uma empresa com uma marca forte no país.
A oferta da Foxconn sobrepôs-se à do fundo Innovation Network Corp. of Japan, proposta que era apoiada pelo governo japonês. Pela frente – e se os accionistas aprovarem a compra -, os taiwaneses têm agora a tarefa de reduzir as perdas da Sharp (401,6 milhões de euros no terceiro trimestre de 2015) evitando uma grande reestruturação, tal como se comprometeram.
A compra da empresa, com 103 anos, tem sido motivo de debate público no Japão, dividindo os que argumentavam que devia continuar na esfera do país e os que defendem uma maior abertura do mercado japonês a investidores do exterior.
O objectivo da compra, refere o WSJ, é entrar na manufactura de um dos produtos-bandeira da Sharp - o ecrã táctil usado nos iPhone da Apple, um dos componentes mais caros. Esta é uma oportunidade para a Foxconn ampliar a gama de dispositivos que já fornece à marca norte-americana, numa altura em que a Apple prepara a transição para ecrãs OLED, produzidos maioritariamente pela Samsung.
Para o analista Atul Goyal, da Jefferies, a Foxconn "não tem nenhuma experiência em qualquer dos negócios da Sharp. Na verdade, cria grandes conflitos de interesse com esta aquisição", alerta numa nota citada pelo WSJ e produzida antes de conhecida a aquisição.
Os títulos da Sharp fecharam a sessão a tombar 14,37% para os 149 ienes (1,2 euros), depois de terem caído mais de 20% ao longo do dia.