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Uber: um trimestre de problemas

O primeiro trimestre não está a ser um período fácil para a Uber. Vários episódios têm colocado a start-up nas páginas dos jornais. A última notícia da conta da saída do presidente da empresa.

Reuters
20 de Março de 2017 às 17:08
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2017 não está a ser um ano fácil para a Uber. Se a notícia mais recente dá conta da saída de Jeff Jones, presidente da start-up, por aparentes incompatibilidades com o CEO da Uber, Travis Kalanick, os problemas já remontam ao início do ano.

Em Janeiro, Donald Trump, recém-empossado presidente dos Estados Unidos, emitiu uma ordem executiva em que proibia a entrada de cidadãos de sete países maioritariamente muçulmanos em território norte-americano. O decreto foi assinado na sexta-feira 27 de Janeiro, sete dias depois da tomada de posse. Além da contestação de que foi alvo a ordem executiva, o caos instalou em vários aeroportos norte-americanos. No sábado, 28 de Janeiro, os taxistas que trabalham no aeroporto nova-iorquino JFK decidiram manifestar-se contra este decreto e, por isso, decidiram fazer greve durante uma hora, concretamente entre as 18:00 e as 19:00.

Às 19:30, no Twitter, a Uber anunciou que tinha desligado a função que aumenta o preço em alturas de elevada procura. Apesar de a mensagem ter surgido após o período da suspensão da actividade dos taxistas no aeroporto, várias pessoas consideraram que a posição da Uber reflectia uma tentativa de atrair mais oportunidades de negócio.

A Uber respondeu dizendo que a sua mensagem não era uma tentativa de capitalizar a oportunidade. Era sim, alegou, uma mensagem para informar aos seus utilizadores que a empresa não ia aumentar os preços numa altura de elevada procura, de acordo com a mesma fonte. Mas muitos clientes não viram a questão dessa forma. Na sequência deste episódio foi criado uma hashtag na rede social Twitter, o #DeleteUber. E 200 mil pessoas, de acordo com o que noticiava na altura o The New York Times, apagaram mesmo a aplicação.

Ainda na sequência deste episódio, Travis Kalanick enviou um memorando aos funcionários da Uber onde apontava estar de saída do conselho consultivo, composto por vários líderes de grandes empresas norte-americanas, criado por Trump ainda antes de ter tomado posse. O líder da plataforma de serviço de transporte alegou que a sua participação neste grupo foi mal interpretada. Kalanick considerava que a sua participação estava a ser vista como um apoio ao actual presidente, cujas políticas têm estado envoltas em polémica, escrevia o Wall Street Journal.

Também Fevereiro não foi um mês pacífico para a Uber. Uma antiga funcionária da start-up escreveu um post no seu blog onde denunciava situações de assédio sexual enquanto trabalhava na empresa. A 19 de Fevereiro, a Uber abriu uma investigação interna a estas alegações. Segundo o The New York Times, Susan Fowler, antiga engenheira na Uber, alega ter sido assediada sexualmente pelo seu supervisor directo e terá transmitido essas mesmas queixas ao departamento de recursos humanos, que as ignorou. Susan Fowler deixou a Uber em Dezembro do ano passado.

Ainda em Fevereiro, e de acordo com a Bloomberg, a Uber enfrentou um processo colocado pela Alphabet, dona da Google e da empresa Waymo por, alegadamente, ter roubado segredos comerciais. Segundo avançava a publicação The Verge, a 10 de Março, a Waymo pediu a um juiz que não permitisse que a Uber operasse os seus veículos autónomos.

Além disso, Fevereiro ficou ainda marcado pelo CEO da Uber a ser filmado numa discussão muito acesa com um condutor da sua própria empresa, que se queixou das condições de trabalho. O vídeo, aparentemente gravado pelo condutor, Fawzi Kamel, foi obtido pela Bloomberg, acabando por forçar Kalanick a pedir desculpas publicamente e a assumir que precisa "de crescer".

Kamel transportou o CEO e duas acompanhantes e, terminado o percurso, aproveitou para apresentar algumas queixas ao patrão. Uma delas é a redução de preços decidida centralmente para o serviço Uber Black. O CEO contestou esta opinião como "bullshit", mas não era a única questão de Kamel, que se queixou de estar a ter problemas financeiros com a política da empresa. Travis Kalanick foi obrigado a pedir desculpa. E revelou que estava à procura de ajuda na liderança da start-up e que estava mesma a planear contratar um director de operações. Internamente, de acordo com a Bloomberg, estas palavras foram encaradas como uma despromoção de Jeff Jones, que foi contratado no ano passado para a presidência da Uber e o segundo na linha de comando da empresa, a seguir a Kalanick.

A saída de Jeff Jones é o último capítulo de um primeiro trimestre cheio de controvérsias para aquela que é a start-up mais valiosa do mundo.

 

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