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CEO da Uber obrigado a pedir desculpa depois de discussão com condutor da empresa

Travis Kalanick foi filmado numa acesa discussão com um condutor da Uber, que o confrontou com as condições de trabalho da empresa.

Reuters
01 de Março de 2017 às 17:44
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É mais uma polémica para o currículo de Travis Kalanick. Desta feita, o CEO da Uber foi filmado numa discussão muito acesa com um condutor da sua própria empresa, que se queixou das condições de trabalho.

O vídeo, aparentemente gravado pelo condutor, Fawzi Kamel, foi obtido pela Bloomberg, acabando por forçar Kalanick a pedir desculpas publicamente e a assumir que precisa "de crescer".

Kamel transportou o CEO e duas acompanhantes e, terminado o percurso, aproveitou para apresentar algumas queixas ao patrão. Uma delas é a redução de preços decidida centralmente para o serviço Uber Black. O CEO contestou esta opinião como "bullshit", mas não era a única questão de Kamel, que se queixou de estar a ter problemas financeiros com a política da empresa.

"Vocês estão a subir os parâmetros do serviço mas estão a esmagar os preços", atirou o condutor, acrescentando que "as pessoas já não confiam em si". "Perdi 97 mil dólares por sua causa, estou falido por sua causa, todos os dias vocês mudam alguma coisa", concluiu. Kalanick perdeu definitivamente a paciência, respondendo em tom ríspido que "algumas pessoas não gostam de assumir responsabilidades pelos seus problemas. Culpam tudo nos outros. Boa sorte!". O CEO da Uber bateu então com a porta, classificando depois a prestação do motorista com uma estrela.

A divulgação do vídeo exaltado acabou por forçar Kalanick a fazer um comunicado, enviado aos funcionários da Uber e publicado no blog da empresa. "Dizer que estou envergonhado é um grande eufemismo", escreveu, dizendo ainda que "o meu trabalho enquanto líder é liderar...e isso começa por agir de forma a que nós fiquemos todos orgulhosos". "Não foi o que eu fiz e uma explicação não resolve isso", acrescenta.

"É claro que este vídeo é um reflexo de mim - e as críticas que recebemos são uma dura lembrança de que eu preciso de mudar fundamentalmente como um líder e de crescer", reconheceu, revelando que necessita de ajuda na sua liderança. "E pretendo obtê-la", concluiu.

O problema de Fawzi Kamel está longe de ser particular. Muitos condutores da Uber nos EUA têm-se queixado das alterações tarifárias da empresa. Como trabalhadores independentes, os condutores que trabalham para a Uber não têm a mesma protecção que outros trabalhadores, como salário mínimo ou outros benefícios. Por outro lado, os condutores compram o seu carro de trabalho, muitas vezes com base em estimativas de lucro apresentadas pela Uber, que na prática se tornam impossíveis de atingir devido ao aumento da concorrência e à descida das tarifas decidida centralmente. 

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