Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

O movimento que gera energia a 3D

É caso para dizer que a necessidade aguçou o engenho. Pedro Balas estava em pleno "interRail" e a precisar de recarregar a bateria do telemóvel quando teve a ideia de criar um pequeno gerador portátil que convertesse...

O movimento que gera energia a 3D
17 de Setembro de 2009 às 15:18
  • ...
Uma esfera com 40 cm de diâmetro pode produzir 8 kw/hora. Em escala, está já desenhada para ter três metros e gerar 500 kw/hora com a oscilação das ondas

É caso para dizer que a necessidade aguçou o engenho. Pedro Balas estava em pleno "interRail" e a precisar de recarregar a bateria do telemóvel quando teve a ideia de criar um pequeno gerador portátil que convertesse movimento humano em electricidade.

Um ano depois, o projecto cresceu em motivação e dimensão. O esboço inicial deu origem à "bluesphere", um aparelho esférico de três dimensões capaz de transformar a energia despendida no movimento em energia eléctrica. Uma ideia que, pelo seu potencial "para actuar no sector emergente das energias alternativas", acaba de vencer a primeira edição do prémio EDP Richard Branson, que distingue propostas energéticas inovadores na área das chamadas tecnologias limpas.

O projecto adoptou a designação de emOve - Innovative Technologies. E o conceito mecânico faz quase lembrar o funcionamento de um relógio. Um conjunto de esferas concêntricas que, ao movimentarem-se, accionam-se entre si. "Uma espécie de girascópio, que aproveita qualquer oscilação exterior", descreve Diogo Cruz, um dos membros desta equipa de cinco universitários (ver perfil). As vantagens face aos geradores já desenvolvidos são várias, garantem. Pelo facto de ser uma peça única a três dimensões, a "bluesphere" traduz-se numa uma melhor distribuição de formas, aliada a uma maior resistência.

Perfil

Dois estudantes de engenharia - Inês Sampaio de Electrotécnica e Pedro Balas de Mecânica - e três de Gestão - Diogo Cruz, Miguel Caetano e Tiago Rodrigues. Família e amigos disseram-lhes que estavam malucos, que não iriam conseguir concretizar o projecto. Não cederam e acabam de vencer a 1ª edição do prémio Inovação EDP Richard Branson. Para trás, fica um ano de trabalho intenso e muitas dificuldades logísticas para arranjar alguns dos materiais necessários à construção do primeiro protótipo. As empresas portuguesas não lhes facilitaram a vida, ao contrário do apoio que encontraram em empresas estrangeiras, contam.

Mas a grande vantagem da "bluesphere" prende-se com a possibilidade de esta poder ser escalonada. Ou seja, "tanto pode assumir o tamanho de uma malha sintética", como poderá ser extrapolada ao ponto de originar um gerador de maior dimensão que produza electricidade para a rede nacional através da energia das ondas. "E esse é o nosso sonho. O mercado das ondas é extremamente aliciante. A procura de soluções é muito intensa, mas ainda há pouca competição", afirma Pedro Balas.

O primeiro protótipo em escala real deverá sair da cave de um deles muito em breve, para ver a luz do dia. "O conceito está provado e já conseguimos que o protótipo nos desse energia. O que agora precisamos de saber é quanta conseguiremos extrair do gerador com pouco movimento", detalha Pedro Balas. A fasquia é promissora.

Em pequeno formato, o gerador, com 40 centímetros de diâmetro, terá capacidade para produzir 8 kw/hora. "O que dará para carregar o telemóvel, o mp3 e um pequeno computador portátil, obtendo-se um grau de autonomia muito confortável", contabiliza Pedro Balas. Em grande escala, com um diâmetro de três metros, poderá gerar "500 kw/hora com pequenas oscilações de ondas", acrescenta.

O prémio EDP Richard Branson valeu-lhes 50 mil euros para apoiar a instalação da empresa e disponibilizou-lhes apoio técnico e jurídico. A equipa está também a participar no concurso de inovação do BES e no concurso de empreendedorismo Strat, promovido pelo BPI, Optimus e Universidade Nova de Lisboa. Depois, acabou-se.

"Precisamos de alavancagem financeira para continuar a desenvolver o modelo para captação de energia das ondas, que é o nosso grande objectivo e, ao mesmo tempo, um mercado menos explorado. Queremos salvar o mundo fazendo negócio", explica Diogo Cruz, rindo. Para seguir em frente, todas as hipóteses estão em cima da mesa, desde o licenciamento da tecnologia, a contactos com "business angels" e capitais de risco.

A esfera azul que parece um iPod das águas

Um investidor que já viu o projecto "chamou-lhe o iPod das águas", diz Pedro Balas com orgulho. A "bluesphere" que a emOve pretende lançar ao mar é um aparelho esférico com três metros de diâmetro e potencial para produzir 500 kw/hora com pequenas oscilações das ondas. O gerador é a peça central da esfera e, ao ser escalonado, com mais ou menos capacidade para gerar energia, permite diferentes aplicações. Na versão a grande escala, o gerador surge incorporado num dispositivo flutuante e toda a estrutura é uma superfície que absorve o movimento das ondas, transformando-o em electricidade. O modelo contempla ainda espaço para receber outros sistemas, como um GPS ou equipamento para fazer medição de correntes. Não poluente, esta esfera azul não afecta o ecossistema marítimo.
Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio