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Sonae Indústria tem 22 milhões em fábricas inactivas à venda

Decorrente da profunda reestruturação operada no passado recente, tem sido difícil para a Sonae Indústria alienar as unidades fabris inactivas que tem em alguns países, com um valor contabilístico de 22 milhões de euros.

Christopher Lawrie, presidente do comité de gestão da Sonae Indústria, continua a tentar vender ou alugar os activos industriais descontinuados pela empresa. Paulo Duarte
08 de Abril de 2018 às 22:01
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Completa-se este ano uma década sobre o rude golpe que a Sonae Indústria sofreu e que a fez mudar de vida. Com 34 fábricas em nove países e mais de sete mil trabalhadores, fechou 2008 com prejuízos de 82 milhões de euros e uma dívida líquida recorde de 890 milhões. Empreendeu então uma profunda e virtuosa reestruturação, concluída em 2016, que foi complementada, nesse ano, com uma parceria estratégica com a chilena Arauco (50/50%), que deixou de fora as operações do grupo português na América do Norte e três unidades fabris na Europa.

Hoje, a Sonae Indústria consolida 17 fábricas em cinco países (Portugal, Espanha, Alemanha, Canadá e África do Sul) e tem menos de metade do efectivo de há 10 anos. Há dois anos que obtém lucros, enquanto a dívida proporcional fechou o último exercício nos 301 milhões de euros.

Do seu vasto passado industrial, que até chegou a dar-lhe o estatuto de maior multinacional portuguesa, herdou uma pesada carteira de fábricas inactivas, que tem tido dificuldade em alienar. Daí que mantenha um grande enfoque na procura de oportunidades para monetização dos seus activos imobiliários relacionados com essas unidades e nos esforços para reduzir os respectivos custos correntes.

Somando os activos imobiliários para venda "da Sonae Indústria, que rondam os 13 milhões de euros, aos que estão na Sonae Arauco, mas que são da nossa responsabilidade, o total rondará os 22 milhões de euros, em termos de valor contabilístico", revelou Christopher Lawrie, presidente do comité de gestão da empresa, em declarações ao Negócios.

Os activos imobiliários que temos para venda rondam os 22 milhões de euros, em termos de valor contabilístico.  Christopher lawrie
Presidente do comité de gestão da Sonae Indústria

À venda em Portugal, Espanha e na Alemanha

Em causa estão sobretudo três unidades industriais em Portugal, duas em Espanha e uma grande na Alemanha. "Activos de difícil alienação", pelo que o grupo tem também tentado a via do arrendamento. Na Alemanha, o grupo português "vendeu alguns lotes para projectos residenciais" e tem "para arrendar parte dos armazéns", enquanto em Espanha recebe renda pelo arrendamento de uma das duas unidades inactivas.

Já em Portugal, a empresa fundada por Belmiro de Azevedo tem actualmente arrendada uma unidade fabril situada em Vilar, Vila do Conde. Trata-se de uma antiga fábrica de componentes e cujo actual ocupante "detém uma opção de compra obrigatória" para exercer no próximo ano. Segundo Christopher Lawrie, esta operação deverá resultar num encaixe da ordem de um milhão de euros.  O mesmo gestor disse que, no ano passado, a venda de equipamentos não utilizados rendeu ao grupo cerca de 2,9 milhões de euros.

Um "problema" chamado Trump

A Sonae Indústria promete continuar a apostar forte na América do Norte, sobretudo nos Estados Unidos, mercado que foi o grande responsável pela queda da facturação do grupo português no ano passado. Apesar de estar, por ora, fora da guerra comercial de Trump, porquanto "o negócio dos painéis não tem problemas em termos de taxas aduaneiras", Lawrie admite que as políticas proteccionistas em curso poderão afectar indirectamente os interesses da Sonae Indústria, que tem uma unidade industrial no Canadá. "O único problema é que alguns dos nossos clientes no Canadá, os que exportam móveis, podem ser afectados", alertou.


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