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Brasileira SPX vai construir 72 casas de luxo no “buraco” algarvio da CGD
A gestora de fundos, que comprou o The Keys por 95,4 milhões de euros onde o banco público enterrou 307 milhões, vai agora desenvolver o projeto turístico-residencial inserido na Quinta do Lago, numa área de cerca de 45 mil metros quadrados.
"A SPX – International Asset Management adquiriu o The Keys, projeto residencial inserido na Quinta do Lago, por um valor superior a 95 milhões de euros", anunciou, esta terça-feira, 10 de novembro, a consultora imobiliária JLL, em comunicado, confirmando a informação avançada pelo Negócios na passada sexta-feira.
"Integrando-se neste prestigiado complexo turístico-residencial em Almancil, no Algarve, o The Keys será agora desenvolvido pelo novo proprietário, contando com um total de 72 unidades residenciais numa área residencial acima do solo de 45 mil metros quadrados", revela a JLL, que assessorou a SPX nesta operação.
Foi a 3 de novembro, encerrado o prazo para a apresentação de propostas para a aquisição do The Keys, que o administrador de insolvência da Birchview registou e adjudicou a operação à única rececionada - a SRESPX, uma sociedade detida pela brasileira SPX Capital, que ofereceu 10 euros acima do preço mínimo de 95,41 milhões de euros.
A SRESPX sinalizou o negócio com o pagamento de 5% do valor total, ou seja, 4,77 milhões de euros, que foram já depositados na conta da massa insolvente da Birchview.
A SPX, sigla que significa simplesmente Schneider, Pandolfi e Xavier, apelidos dos seus fundadores, é hoje uma das maiores gestoras de fundos independente do Brasil, com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Londres, Nova Iorque e Washington, tendo sob gestão ativos no valor de 40 mil milhões de reais (seis mil milhões de euros).
Rogério Xavier, maior acionista e líder da SPX Capital, é um dos mais respeitados gurus do mercado financeiro brasileiro.
A SPX – International Asset Management, que integra a SPX Capital, comprou o The Keys em sede de liquidação da falida Birchview, onde a Caixa Geral de Depósitos (CGD) enterrou 307 milhões de euros, com esta insolvente a fixar-se no topo dos créditos problemáticos do banco público.
Num outro comunicado, divulgado pela Cushman & Wakefield, que atuou na venda do empreendimento em representação da massa insolvente da Birchview, garante-se que o projeto conta com cerca de 32.600 metros quadrados de construção acima do solo, distribuídos por 48 "vilas" e 24 apartamentos, num terreno com 88 mil metros quadrados.
O negócio com a Birchview começou torto para o banco público logo em 2007, quando a CGD era liderada por Carlos Santos Ferreira e com Armando Vara como administrador.
Nessa altura, a Direção-Geral de Risco (DGR) da CGD emitiu um parecer no pressuposto de que o banco iria financiar apenas 50% do projeto, o que não viria a acontecer, pois acabou por o fazer a 100%. Uma mudança de planos que não passou pela DGR, não tendo sido apresentada qualquer justificação para a falta deste parecer, segundo concluiu uma auditoria da EY.
"A SPX - International Asset Management foi apoiada neste negócio pela consultora JLL, que realizou processos de ‘due dilligence’ comercial e técnica, definiu o novo produto a desenvolver e apoiou a elaboração das estratégias de preço e de comercialização dos fogos", revela a consultora imobiliária, adiantando que a assessoria jurídica da SPX foi realizada pela equipa liderada por João Torroaes Valente da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados.
"Trata-se de um projeto numa localização ímpar e com um enorme potencial de valorização, que reflete bem as oportunidades que o mercado português oferece a investidores com um perfil de ‘value add’, ou seja, ‘players’ que têm uma perspetiva de longo prazo e que estão dispostos a investir nos ativos para lhes adicionar valor. Numa altura em que continua a existir bastante liquidez a nível global, este tipo de investimento é muito importante para o mercado português", considera Gonçalo Santos, head of development da JLL.
"Concluiu-se, num prazo relativamente curto, uma transação muito relevante para o Algarve e para o nosso país. Num ano muitíssimo atípico, este será, certamente, um dos maiores negócios imobiliários em Portugal, confirmando a importância do Algarve como principal destino turístico da Europa e a Quinta do Lago como localização excecional e de referência para investimento em projetos diferenciadores e de qualidade", afiança, por sua vez, Ana Gomes, partner e diretora de promoção e reabilitação urbana da Cushman & Wakefield.
Esta consultora imobiliária refere que "estruturou o processo de venda e coordenou a realização das ‘due diligences’ legal e técnica especificamente preparadas para suporte ao processo de comercialização" do The Keys, no âmbito da liquidação da Birchview.