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Revisão da proposta pela EDP pela CTG reduz otimismo no mercado de aquisições

O número de aquisições por empresas da Ásia/Pacífico caiu 30% este ano.

15 de Abril de 2019 às 22:06
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Quando a China Three Gorges ofereceu mais de 10 mil milhões de dólares no ano passado para assumir o controlo da maior elétrica de Portugal, os bancos de investimento animaram-se perante a perspetiva de um novo fluxo de aquisições da China no exterior.

 

Foi apenas o terceiro mega negócio fora da China desde os dias de glória de 2016, quando foram anunciados 239 mil milhões de dólares em aquisições noutros países. O facto de a EDP estar na mira da China Three Gorges, uma empresa estatal, foi visto como um sinal de que Pequim estaria interessada em negócios estratégicos específicos enquanto comandava aquisições sem grande impacto de empresas inexperientes.

 

Um ano depois, a situação não parece tão cor-de-rosa. A China Three Gorges planeia reduzir a oferta pela EDP e avalia negócios alternativos de menor porte devido a preocupações com obstáculos políticos e valor da empresa, revelaram pessoas com conhecimento do assunto. Também não ajudou o facto de o governo chinês ter mudado o comando da China Three Gorges enquanto as negociações estavam em andamento.

 

O passo atrás pode desanimar ainda mais o mercado quando bancos de investimento da região já sentem o impacto do menor número de transações. O número de aquisições por empresas da Ásia/Pacífico caiu 30% este ano, enquanto a captação de fundos através de ofertas de ações nas bolsas da região encolheu 48%, para o menor nível numa década, segundo dados compilados pela Bloomberg.

 

A China Three Gorges estaria agora de olho em potenciais negócios que encontrariam menos oposição de supervisores e reguladores, ao mesmo tempo que continuaria a aumentar a sua exposição às operações internacionais da EDP, revelaram as mesmas fontes. Investimentos ou joint ventures envolvendo ativos brasileiros da EDP estão entre as possibilidades consideradas, segundo as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque os planos são confidenciais.

 

Com uma transação de menor porte, a China Three Gorges poderá desistir da oferta total de aquisição, mas, ainda assim, incorporar alguns ativos, amenizando críticas sobre uma possível tentativa fracassada de acordo. Representantes da China Three Gorges e da EDP não quiseram comentar.

 

O aumento do escrutínio político e regulatório sobre investimentos chineses nos Estados Unidos, bem como uma prolongada guerra comercial, contribuíram para o atraso do acordo, noticiou a Bloomberg News em novembro. Autoridades europeias também podem questionar a crescente influência da China sobre geradoras e redes de eletricidade de Portugal, adiantaram pessoas com conhecimento do assunto na altura.

 

O gatilho para o colapso final da oferta original da Three Gorges pode ser disparado na próxima semana. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) disse na sexta-feira que a oferta pode morrer caso a assembleia anual de acionistas da EDP, marcada para 24 de abril, rejeite uma proposta para eliminar o teto para o direito a voto, uma condição exigida pela Three Gorges na OPA.


(Texto original: China Power Giant's $10 Billion Rethink Dashes M&A Revival Hopes)

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