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PSD quer “esclarecer envolvimento do Estado” no fecho da refinaria de Matosinhos
O partido liderado por Rui Rio vai chamar ao Parlamento os ministros do Trabalho e da Economia por desconfiar do “conhecimento e responsabilidade específica” do Governo na decisão da Galp, que ameaça 1.500 empregos no Norte do país.
O PSD quer "esclarecer o envolvimento do Estado" na decisão da Galp de descontinuar a operação de refinação em Matosinhos, lembrando as "consequências negativas para o emprego e para a economia local" que irá ter numa "região particularmente afetada já com a pandemia".
"Esta decisão por parte de uma empresa na qual o Estado ainda é um acionista de referência e onde detém uma participação de capital com expressão, sugere a existência do conhecimento e responsabilidade específica do Estado face a esta decisão", referem os deputados social-democratas.
Com a assinatura das deputadas Clara Marques Mendes, Helga Correia e Carla Barros, o grupo parlamentar do PSD entregou na Assembleia da República um requerimento para que a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, e o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, sejam ouvidos nas respetivas comissões sobre a decisão anunciada a 21 de dezembro de 2020.
Pondo em causa cerca de 500 postos de trabalho diretos e ainda 1.000 indiretos já a partir de 2021, a Galp, em que o Estado detém uma participação de 7% através da Parpública, decidiu concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos.
Face à "escassez de informação" e à "desumanidade" do anúncio em encerrar a refinaria de Matosinhos em contexto de crise económica e social, o PS decidiu chamar a Galp ao Parlamento. Também o PCP e o Bloco de Esquerda avançaram com pedidos de audição do ministro do Ambiente, Matos Fernandes.
Na semana passada, depois de uma reunião com o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte), Telmo Silva, criticou o "silêncio" da administração da empresa e também do Governo por não assumir as suas responsabilidades enquanto acionista.
O governante admitiu que este "tipo de fenómenos" vai acontecer em Portugal e na Europa no âmbito do caminho traçado para a descarbonização e, quanto aos empregos que vão ser perdidos, garantiu um "fortíssimo empenho do Governo" em criar novos negócios, nomeadamente ligados às energias renováveis, para absorver essa mesma mão-de-obra.