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Peso das renováveis aumenta 14,5% face a 2023, à boleia da energia solar e hídrica
Os números da APREN mostram também que esta subida das renováveis "contrabalança com a queda na produção de eletricidade fóssil de 16,1% em relação aos valores registados em 2023".
Nos primeiros oito meses do ano, a incorporação de energia de fontes renováveis na geração de eletricidade em Portugal aumentou 14,5% face ao período homólogo do ano passado, à boleia produção solar e hídrica e solar, mostra o mais recente que boletim mensal da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), divulgado esta terça-feira.
Os números da APREN mostram também que esta subida das renováveis "contrabalança com a queda na produção de eletricidade fóssil de 16,1% em relação aos valores registados em 2023". Isto por causa de uma redução para cerca de um terço na produção energética a partir de gás natural (menos 14,7% face a 2023) e pelo aumento das tecnologias solar e hídrica.
Entre janeiro e o final de agosto, a energia de origem renovável contribuiu em cerca de 83% para a geração de um total de 31.443 GWh de eletricidade em Portugal Continental.
"A representação crescente da energia de origem renovável na produção total de eletricidade em Portugal é um reflexo dos esforços do setor para a transição energética do país, que consideramos ser um desafio ambicioso que Portugal tem condições de enfrentar" comentou Pedro Amaral Jorge, presidente da APREN, a propósito destes números.
Olhando apenas para agosto, a incorporação de energia renovável no mix energético nacional atingiu 77,3%, totalizando 2.307 GWh dos 2.985 GWh produzidos nesse mês (menos 6% face a agosto de 2023, devido a uma redução de 18 pontos percentuais na produção fóssil através de gás natural).
Há um ano, em agosto de 2023, o peso das renováveis rondou apenas os 60%. "O valor representa um aumento de 17 pontos percentuais em relação ao período homólogo de 2023. O crescimento deve-se, em parte, ao significativo aumento da produção hídrica e solar, que cresceram na ordem dos 8%. Enquanto a tecnologia hídrica aumentou 9% e mais do que duplicou a geração (de 8% em 2023 para 17% em 2024), a energia solar cresceu 8,6% face ao período homólogo", explica a APREN em comunicado.
Ainda assim, acrescanta a associação, a tecnologia eólica foi a principal fonte de produção energética durante o mês de agosto, representando quase um terço (29%) da eletricidade produzida em Portugal. Já a produção hídrica registou o maior número de horas de fecho de mercado, com 2.276 horas não consecutivas. As restantes formas de energia renovável foram responsáveis por mais de um terço (35,9%) da produção no mesmo período, com 1.650 horas.
No entanto, manteve-se um elevado valor de importações de energia (9.325 GWh) em Portugal que em agosto equivaleu a 36% do consumo elétrico.
Entre 1 e 31 de agosto de 2024, Portugal foi o quarto país com maior incorporação renovável na geração de eletricidade, tendo alcançado o valor de 77,3%, e ficando atrás da Noruega, Áustria e Dinamarca, que obtiveram 98,7%, 88,8% e 83,8% respetivamente. Na geração acumulada, Portugal encontra-se apenas a um ponto percentual da registada pelo terceiro classificado, a Dinamarca.
Em relação ao preço médio horário, no mês passado o valor médio horário registado no Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL) em Portugal foi de 50,3 euros por MWh, o que representa uma redução de 45% face ao período homólogo do ano passado.
Durante este período, foram registadas 1 627 horas não consecutivas em que a geração renovável foi suficiente para suprir o consumo de eletricidade de Portugal Continental, com um preço horário médio no MIBEL de 30,7 euros por MWh.
Renováveis abastecem 75% do consumo de energia até agosto
Em termos de consumo, os dados da REN - Redes Energéticas Nacionais revelam que entre janeiro e agosto deste ano, 75% da energia elétrica consumida em Portugal veio de fontes renováveis, tendo a hídrica sido responsável por 33% da energia, a eólica por 26%, a fotovoltaica por 10% e a biomassa por 6%. A produção a gás natural abasteceu 8% do consumo, enquanto os restantes 17% corresponderam a energia importada.
Em agosto, a produção renovável abasteceu 55% do consumo, a produção não renovável 10%, enquanto os restantes 35% corresponderam a energia importada. De realçar o crescimento na solar, que representou 15% do consumo nacional no mês, com pontas diárias acima de 2600 MW.
A produção de energia fotovoltaica e eólica estiveram perto da média histórica (1), com os respetivos índices a registarem 1,02 e 1,00, enquanto na hídrica os valores foram relativamente mais favoráveis. No período de janeiro a agosto o índice de produtibilidade hidroelétrica registou 1,33, o de eólica 1,04 e o de solar 0,96 (média histórica de 1).
Em agosto, o consumo de energia elétrica cresceu 0,1% face ao mês homólogo, valor que sobe para 0,3%, com correção dos efeitos da temperatura e número de dias úteis. No período de janeiro a agosto o consumo registou uma evolução positiva de 1,7% ou 2,2% com correção da temperatura e dias úteis.
No mercado de gás natural, o consumo manteve-se muito condicionado pela baixa utilização das centrais termoelétricas, como resultado tanto da disponibilidade de energia renovável em Portugal como das importações de Espanha. Em agosto, o mercado de gás contraiu 29% face ao mesmo mês do ano anterior, repartido por descidas de 69% no segmento de produção de energia elétrica e de 1,7% no segmento convencional.
O abastecimento nacional manteve-se integralmente a partir do terminal de GNL de Sines, enquanto a interligação com Espanha registou um saldo exportador equivalente a 35% do consumo nacional.
De janeiro a agosto, o consumo de gás natural registou uma descida homóloga de cerca de 22%, com menos 68% no segmento de produção de energia elétrica e uma subida de 2,2% no segmento convencional.