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O que querem os motoristas de matérias perigosas?

Greve iniciou-se na madrugada de segunda-feira e promete parar as estradas e os ares de Portugal. Funcionários reclamam o reconhecimento da categoria profissional e o aumento do salário - de 630 euros para 1200.

16 de Abril de 2019 às 19:43
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Os motoristas de matérias perigosas juntaram-se, a partir da meia-noite desta segunda-feira, e paralisaram os transportes pela terra e pelo ar. Em Lisboa e Faro, os aeroportos já têm o abastecimento de combustível cortado, com um voo da TAP a ser mesmo cancelado. Nas bombas de gasolina por todo o país, a gasolina e o gasóleo também já começam a faltar. Mas o que reclamam os trabalhadores e qual o seu objetivo com esta greve?

Em Portugal são mais de 800 os camionistas especializados em transportar matérias perigosas como materiais explosivos ou inflamáveis, como combustíveis, químicos, radioativos e até mesmo oxigénio. Para habilitação, os condutores necessitam de uma certificação ADR, que é emitida pelo IMT e tem uma validade máxima de cinco anos.

Deste número de motoristas, cerca de 600 estão afiliados ao Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), criado em 2018 através da conversão com a Associação Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, que surgiu no ano anterior.

Com uma adesão a rondar os 100%, motoristas especializados tentam barricar o acesso de camiões-cisterna ao Centro Logístico de Combustíveis (CLC), em Aveiras de Cima. Exigem o reconhecimento da profissão, "salários mais dignos" e acusam o Governo de não querer chegar a um ponto comum entre as duas partes.

"Fazer greve para exigir o reconhecimento da categoria profissional, lutar por melhores salários e fazer outras exigências fundamentais para quem todos os dias transporta várias toneladas de matérias perigosas não é nada do outro mundo", indicou à página Ribatejo News o motorista Carlos Barrela, acrescentando que o Governo "não quis chegar a um entendimento".

A paralisação foi contestada pelo Governo e pela associação do setor, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que exigiam serviços mínimos e o cumprimento da lei laboral, impugnados pelo sindicato.

"Nós não podemos continuar a suportar salários miseráveis atendendo às responsabilidades que temos e ao risco que corremos todos os dias, ao transportar matérias perigosas que muitas das vezes põem em risco a nossa saúde" afirma João Ramos ao Ribatejo News. Além do aumento de salários e do "reconhecimento da categoria profissional", motoristas querem ainda um aumento do "subsídio de risco mensal" – que é, atualmente, de 7,5€ por dia.

Os serviços mínimos decretados previam o "abastecimento de combustíveis aos hospitais, bases aéreas, bombeiros, portos e aeroportos, nas mesmas condições", assim como 40% do serviço habitual em postos da grande Lisboa e do grande Porto.


Ao Observador, o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, explica que motoristas de matérias perigosas têm apenas uma remuneração base de 630 euros, não lhe sendo reconhecida uma categoria profissional própria – estão inseridos em "Motoristas de Pesados". Como exigência, os trabalhadores querem um salário equivalente ao dobro do salário mínimo nacional: 1200 euros.

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