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China Three Gorges quer fusão com ativos da EDP no Brasil
O objetivo do maior acionista da EDP passa por controlar a empresa que resultar da fusão no mercado brasileiro, avança a Bloomberg.
Era uma das possibilidades já noticiadas antes de falhar a oferta pública de aquisição sobre a EDP e está agora mais perto de se concretizar. A Bloomberg noticia esta terça-feira que os chineses da China Three Gorges (CTG) pretendem avançar com o negócio de fusão dos ativos que as duas companhias controlam no Brasil.
Segundo a agência de notícias, que cita fontes próximas do processo, a CTG pode vir a controlar a empresa que resultar da fusão entre a Energias do Brasil e os ativos do setor energético que os chineses controlam naquele país.
A Bloomberg dá conta que esta possível operação está ainda numa fase inicial, mas que a CTG e a EDP podem seguir caminhos diferentes.
A CTG controla 23% do capital da EDP e falhou o objetivo de controlar a maioria do capital dado que a OPA não chegou ao fim. Ainda antes de ser conhecido este desfecho, já a agência Reuters noticiava que a EDP poderia propor a criação de uma joint venture com os chineses para o mercado brasileiro.
Segundo avançou esta agência de notícias a 13 de março, como os ativos da CTG têm um valor estimado de 5,6 mil milhões de dólares, a junção das duas empresas daria à CTG controlo de cerca de dois terços da entidade combinada.
Em abril, já depois do fim da OPA, o Negócios também noticiou que as negociações para a criação de uma "joint venture" entre as duas companhias para investir na América Latina iriam acelerar.
A CTG nunca escondeu o interesse em reforçar a presença na América Latina, onde não tem nenhuma empresa cotada em bolsa. E também sempre admitiu que poderia avançar em projetos conjuntos com a EDP, o que até já aconteceu no Peru.
Neste país as empresas já têm uma parceria através da Hydro Global, que em 2017 ganhou o concurso para construção e exploração de uma barragem num investimento estimado de 500 milhões de dólares (444 milhões de euros ao câmbio atual).
A EDP está presente no Brasil através da Energias do Brasil, onde detém uma posição acionista de 51%. A Energias do Brasil, cotada no Bovespa, tem uma capitalização bolsista de 12,46 mil milhões de reais (2,84 mil milhões de euros).
O Elliott Management, acionista com pouco mais de 2% do capital, foi determinante no fim da OPA sobre a EDP e defendeu em fevereiro um plano estratégico para e empresa portuguesa que passava pela venda das operações no Brasil. Um negócio que segundo este investidor ativista poderia render à EDP 2,3 mil milhões de euros, mas que a gestão liderada por António Mexia recuou, uma vez que considera o mercado brasileiro estratégico para a EDP.
O CEO da EDP, na apresentação do plano estratégico, em março, admitiu que a América do Sul, mais concretamente o mercado brasileiro, sempre despertaram interesse à CTG. "O Brasil é um mercado em que o nosso parceiro estratégico, a CTG, tem particular interesse", sublinhou Mexia.
Além de garantir a permanência neste mercado, António mexia anunciou que o Brasil ia ficar com 25% do total do investimento do grupo até 2022.
A notícia da Bloomberg está a ter impacto relevante nas cotações das ações das empresas envolvidas. A EDP valoriza 1,13% para 3,31 euros, a aliviar de um ganho máximo de 3,88%. Já A Energias do Brasil dispara 4,79% para 20,55 reais. Sem ter em conta esta subida, acumula um ganho de 33% em 2019.
(notícia atualizada às 15:22 com mais informação)