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Sonae fecha primeiro trimestre com lucro de um milhão de euros

O grupo Sonae regressou aos lucros no primeiro trimestre, após ter registado prejuízos de 59 milhões de euros no mesmo período do ano passado. As vendas da dona do Continente subiram 5,8% para 1,6 mil milhões de euros.

DR
20 de Maio de 2021 às 18:34
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Apesar do contexto "muito adverso", marcado pelo segundo confinamento, o grupo Sonae encerrou o primeiro trimestre com um resultado líquido positivo de um milhão de euros. No período homólogo, o grupo liderado por Cláudia Azevedo registou prejuízos de 59 milhões de euros, devido à constituição de provisões relacionadas com a covid-19.


Em comunicado enviado à CMVM esta quinta-feira, a dona dos supermercados Continente refere que os primeiros três meses de 2021 foram de "crescimento apesar das restrições provocadas pela pandemia".


O volume de volume de negócios consolidado aumentou 5,8% para 1.641 milhões de euros, "impulsionado pelo desempenho da Sonae MC e da Worten, bem como pelos canais digitais dos diferentes negócios". As vendas online mais do que duplicaram face ao primeiro trimestre de 2020.


O EBITDA subjacente aumentou 14,1% para 114 milhões de euros, também impulsionado pela Sonae MC, que controla o Continente, e pela Worten. O crescimento das duas insígnias "mais do que compensou o impacto das restrições noutros negócios decorrentes da pandemia", nomeadamente na moda e nos centros comerciais.

O EBITDA manteve-se nos 128 milhões de euros, "suportado pela melhoria do resultado líquido da NOS/Zopt e da ISRG, o que compensou a mais-valia registada" no primeiro trimestre de 2020 relacionada com a transação do Sierra Prime.

Numa mensagem que acompanha os resultados, a CEO da Sonae lembra que o período em análise foi "dramático em termos de saúde pública" devido à terceira vaga da pandemia, que levou mais uma vez ao encerramento de lojas durante mais de dois meses.

Continente e Worten em alta

A Sonae MC, que controla os hipermercados Continente, teve um dos desempenhos mais sólidos do grupo, com um aumento das vendas de 6,6% para 1,3 mil milhões de euros. As vendas comparáveis aumentaram 3,6%, uma subida suportada "pelo desempenho dos formatos Continente que registaram um crescimento das vendas LfL de 4%".

O grupo ressalva que "este valor é especialmente positivo se tivermos em consideração o efeito de calendário desfavorável e o difícil comparativo com o 1T20, que registou um pico de vendas no final de março em resultado do abastecimento com stocks de emergência após os primeiros sinais de pandemia".

O grupo destaca ainda que "o desempenho dos formatos de retalho alimentar mais do que compensou o desempenho dos formatos do não alimentar", cuja venda esteve impedida durante o estado de emergência.

Já as vendas online mais do que duplicaram face ao período homólogo. Neste período, o Continente ganhou quota de mercado, garante o grupo.

O EBITDA subjacente da Sonae MC aumentou 14% para 110 milhões, "impulsionado pela forte evolução das vendas, apesar de ter sido penalizado pelos custos relacionados com a Covid-19".

A Sonae MC abriu nove lojas entre janeiro e março, do formato de proximidade Continente Bom Dia, que pretende continuar a expandir nos próximos meses.

Além do Continente, também a Worten teve um desempenho positivo no período. O volume de negócios cresceu 17,4% para 272 milhões de euros, "impulsionado sobretudo pelo canal online". As vendas comparáveis subiram 29,3%. A operação online "continua a representar um peso de dois dígitos no volume de negócios total, crescendo 2,5x face ao ano passado, com o marketplace a ser um dos principais impulsionadores", refere o grupo.

O trimestre foi marcado pelo reposicionamento estratégico da Worten em Espanha. No país vizinho, 17 lojas foram vendidas à Media Markt e 14 foram encerradas, e concentrados os esforços no canal online, à exceção das ilhas Canárias, onde o grupo mantém a presença física.

Centros comerciais e moda em queda

Num trimestre marcado pelo segundo confinamento, a Sonae Sierra, que controla os centros comerciais do grupo, e a Sonae Fashion, que detém marcas como a MO, a Zippy e a Salsa, foram as empresas do grupo mais impactadas pelos encerramentos.

A Sonae Sierra fechou o trimestre com lucros de três milhões de euros, que comparam com os 48 milhões de euros do período homólogo, uma quebra de 93%. O volume de negócios recuou 32,7% para 31 milhões de euros. Portugal foi o país mais impactado pelos descontos concedidos nas rendas aos lojistas. 

"O total de descontos nas rendas concedidos no portefólio europeu ascendeu a 38%, sendo Portugal o país mais atingido, com os descontos na ordem dos 47%", refere o grupo. "Nos últimos 12 meses, os descontos totais em Portugal ascenderam a 64% das rendas, que compara com 28% nos restantes países europeus".

O grupo refere que, "como é prática habitual", não realiza reavaliações de ativos no primeiro e terceiro trimestres, "o que normalmente confere uma maior estabilidade ao resultado líquido".

No que toca aos descontos nas rendas, que em Portugal deverão terminar no final de junho, o grupo refere que a Sonae Sierra está "em estreita colaboração com os lojistas, focada em garantir que todo o ecossistema dos centros comerciais se encontra bem equipado e na melhor posição para regressar rapidamente à normalidade, garantindo os mais altos padrões de saúde e segurança possíveis num ambiente omnicanal".

No que toca à Sonae Fashion, o grupo admite que o início de 2021 foi "desafiante", sobretudo em Portugal, e teve "um grande impacto na atividade" da empresa, que fechou o período com uma quebra nas vendas de 21,7% para 61 milhões de euros. A partir de abril, já com a reabertura, a evolução foi "muito positiva". As vendas online das insígnias da Sonae Fashion duplicaram no primeiro trimestre.

A Sonae IM, que controla as tecnológicas do grupo, fechou o trimestre com um volume de negócios de 24 milhões de euros, menos dois milhões face ao período homólogo, uma quebra justificada "pela menor atividade de produtos de terceiros, apesar de ter sido parcialmente compensado por um forte desempenho da área de cibersegurança, que continuou a registar um crescimento de dois dígitos".

Já a NOS, que apresentou lucros de 30,5 milhões na semana passada, representou um "maior contributo do resultado pelo método de equivalência patrimonial para as contas da Sonae".

O segmento de telecomunicações "apresentou um desempenho sólido", ao contrário do segmento de media e entretenimento, devido ao fecho dos cinemas. As telecomunicações cresceram 0,8% para 336 milhões mas não compensaram o impacto negativo nos cinemas, cujas receitas diminuíram 55,4%.

 

Grupo preparado para "a nova normalidade"

O investimento do grupo mais do que duplicou no período, para 126 milhões de euros. No primeiro trimestre,o grupo fechou a aquisição de uma participação adicional de 10% na Sonae Sierra, por 82 milhões de euros, passando a deter 80% do capital. Já a Sonae IM investiu na tecnológica Finlandesa Sellforte.

A dívida líquida consolidada ascendeu a 1 397 milhões, mais 164 milhões face ao homólogo,devido às "diversas aquisições realizadas nos últimos 12 meses - em particular pelo reforço das participações na NOS, na Sonae Sierra e na Salsa".

Claúdia Azevedo ressalva ainda que o grupo manteve uma estrutura de capital "confortável", com um baixo custo da dívida, uma maturidade média de 4 anos "e sem necessidades de refinanciamento para os próximos 18 meses".

No passado dia 17 de maio, a Sonae distribuiu dividendos no valor total de 97 milhões de euros, correspondentes a 4,86 cêntimos por ação, que traduzem um crescimento de 5,0% do dividendo e a um dividend yield de 7,4%.

"Estamos agora preparados para seguir em frente e abraçar as oportunidades de uma nova normalidade. Os últimos doze meses colocaram-nos à prova como nunca, mas continuámos a consolidar as bases para o futuro. Hoje somos uma empresa mais ágil, mais digital, mais resiliente e mais sustentável. Muitas oportunidades surgirão no rescaldo da pandemia, e estou certa de que a Sonae estará bem posicionada para as aproveitar", conclui Cláudia Azevedo.

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