A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) – através dos Jogos Santa Casa – admite candidatar-se a uma licença para a actividade de jogo online assim que a nova legislação para o sector seja promulgada.

"A intenção da SCML é concorrer e explorar uma das licenças que estarão disponíveis, a partir do momento em que a legislação estiver em vigor", assegurou esta quarta-feira, 22 de Abril, o provedor da SCML, Pedro Santana Lopes.

A legislação sobre a actividade de jogos de fortuna ou azar e apostas hípicas mútuas online deverá ser promulgada até ao final deste ano pelo Presidente da República, de acordo com as expectativas do próprio Governo. A proposta foi aprovada em Fevereiro em sede de Conselho de Ministros.

Nesse sentido, "não esperamos que as nossas receitas sejam negativamente afectadas", garante o administrador executivo do departamento de jogos da SCML, Fernando Paes Afonso. Para o cenário contribui a "grande alteração" levada a cabo pelo Executivo face à sua proposta inicial.

Para "preservar" o papel desta instituição, o Governo decidiu atribuir a exploração exclusiva das apostas desportivas à cota e das apostas hípicas (corridas de cavalo) de base territorial. Também aqui, a SCML irá aguardar pela promulgação da lei.

"Estamos preparados para poder, uma vez promulgada a lei, responder à procura", asseguram, embora ainda não esteja definido o modelo de exploração para os dois novos jogos de base territorial.

Para assinalar esta nova etapa, os Jogos Santa Casa mudam a sua sede para a Avenida da Liberdade já em Maio, para um edifício adquirido pela instituição para esse fim já na década de 1980.

"Os Jogos Santa Casa vão entrar num novo ciclo", reforça Pedro Santana Lopes. No caso da SCML se candidatar às licenças para o jogo online, tal exigirá uma nova "margem de competitividade", acrescenta.

Os Jogos Santa Casa fecharam o ano de 2014 com vendas brutas de 1.880 milhões de euros, o que representa um crescimento de 5% face ao ano anterior. Deste valor, diz a instituição, 97% foi devolvido à sociedade, no montante global de 1.818 milhões de euros

A garantia do provedor é de que o "modelo [de responsabilidade social] da SCML suscita ciúmes, admiração dos outros congéneres europeus", sendo o retorno para causas sociais "uma parede que não pode ser derrubada".