A RTP registou um prejuízo operacional de 14,35 milhões de euros em 2004, e pela primeira vez o «cash flow» atingiu níveis positivos. O objectivo da empresa para 2005 é «recuperar, entre custos e proveitos, um défice de 14 milhões que ainda existe», afirmou Almerindo Marques, presidente da RTP, em declarações ao Jornal de Negócios Online.

A empresa estatal reduziu os prejuízos líquidos em 81,7% dos anteriores 33 milhões de euros para os 6 milhões de euros. O resultado operacional manteve-se negativo em 14,4 milhões de euros, o que representa uma melhoria face a 2003, ano em que registou um valor negativo de 57,5 milhões de euros.

Para a melhoria dos resultados contribuíram o crescimento de 12,9% dos proveitos operacionais e a redução de 4 % dos custos de exploração.

«Contudo, se tirar amortizações e provisões, pela primeira vez ao longo de muitos anos da história da RTP, temos um resultado positivo em 4,81 milhões», disse Almerindo Marques.

«O nosso objectivo para 2005 – e que perspectivamos cumprir rigorosamente – é atingir um valor positivo nos resultados operacionais – o chamado ponto de equilíbrio. Isto é, em 2005, vamos ter que recuperar, entre custos e proveitos, um défice de 14 milhões que ainda existe», acrescentou a mesma fonte.

A aplicação do regime «pro rata» do IVA agravou os custos da RTP em seis milhões de euros, ou seja «por força de habilitações de critérios fiscais entretanto clarificados, nos números que apresentamos agora consideramos o pagamento de 6 milhões de euros de IVA, que não estava previsto no acordo de reestruturação financeira».

A admissão de recibos verdes, o aumento do trabalho extraordinário, a resolução de 200 casos de contencioso e a revisão salarial de 2004 «absorvem por completo ganhos de redução do quadro», segundo o comunicado da empresa.

Os proveitos cresceram cerca de 30 milhões de euros para 259,7 milhões, com 120,4 milhões provenientes de indemnizações compensatórias e 51 milhões de publicidade, segmento que cresceu 5%. A RTP salienta que este ganho foi alcançado mesmo com a redução do tempo de publicidade autorizado por cada hora de transmissão dos anteriores 7,5 minutos para os actuais 6.

Custos descem para 274 milhões

Os custos operacionais recuaram para 274,1 milhões, o que compara com os 287,5 milhões registados em período homólogo, graças a uma descida da rubrica «fornecimentos e serviços externos».

O passivo financeiro também registou uma evolução positiva de 1,132 mil milhões de euros em 2003, para 978,5 milhões no ano passado.

A RTP registou resultados extraordinários positivos de 36,637 milhões de euros, com a «liquidação das participadas», o «provisionamento de indemnizações e imparidades», a «realização parcial de mais valias», com «ganhos actuariais» e regularização integral da situação fiscal», segundo o comunicado enviado pela empresa.

A empresa acrescenta que «a execução do plano de médio/longo prazo dependente exclusivamente da evolução dos custos com pessoal», uma vez que registou «sucesso das acções de reestruturação», consolidação financeira e eficácia do controle dos custos de grelha.

O grupo prevê que cerca de 50 pessoas possam aderir ao programa de rescisão, assente no pagamento de um mês e meio por cada ano de actividade, mais três meses.

Indemnização compensatória mantém-se nos 121 milhões; vende edifício do Lumiar

O administrador do grupo RTP, Jorge Ponce de Leão, disse ainda na conferência de apresentação dos resultados realizada hoje, que a indemnização compensatória do Estado em 2005 irá manter-se nos 121 milhões de euros.

O grupo RTP espera ainda alienar este ano o edifício do Lumiar, avaliado em 10 milhões de euros, depois de ter vendido o edifício da 5 de Outubro por 23 milhões de euros e da RDP nas Amoreiras através de uma provisão de 3,3 milhões de euros.