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"Praticamente todas as peças estão encaixadas" para a fusão da Zon e Sonaecom (act.)

A consolidação entre as duas operadoras é um dos movimentos mais falados do mercado português nos últimos anos e continua "debaixo dos holofotes". Neste momento, "as estrelas estão alinhadas para uma fusão", segundo a casa de investimento do BPI. A angolana Isabel dos Santos, como maior accionista da Zon e parceira da Sonae, deverá ser o nome a liderar a operação. Falta saber a posição do BES.

19 de Setembro de 2012 às 16:02
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É tempo de voltar a falar na frequentemente comentada consolidação entre a Sonaecom e a Zon Multimédia? O BPI Equity Research acha que sim. Porque, como escreve numa nota de análise datada de 18 de Setembro, “praticamente todas as peças estão encaixadas”.

A empresária angolana Isabel dos Santos (na foto) é a peça que, segundo os analistas Pedro Oliveira e João Urbano, trouxe novamente para “debaixo dos holofotes” esta junção entre as duas operadoras, de que já se fala desde, pelo menos, 2008.

Ao adquirir 28,8% da Zon Multimédia em Julho, depois de um percurso de reforço accionista na empresa permitido pela alteração de estatutos da operadora, Isabel dos Santos intensificou a especulação em torno da fusão. “Acreditamos que, depois da clarificação na estrutura accionista da Zon, com Isabel dos Santos a dar a necessária clareza estratégica, a fusão/aquisição pode finalmente seguir em frente”, escrevem os especialistas do BPI.

A empresária filha do presidente de Angola deverá trazer o “foco estratégico necessário e a estabilidade accionista exigida para que ambas as partes cheguem, finalmente, a um acordo”, adianta a mesma fonte.

"A investidora angolana pode liderar as negociações com a Sonae, já que Isabel dos Santos tem laços próximos com a unidade de retalho [da empresa, a Condis]", acrescenta ainda o documento.

A nota de "research" assinala que "a adequação estratégica, as expectativas de uma oposição mínima por parte do regulador e a disposição da Sonae em avançar com a operação, demonstrada publicamente, desencadearam a especulação”.

Esta não é a primeira vez que se fala desta operação e também não é a primeira análise que refere a probabilidade desta consolidação ocorrer. O Berenguer, por exemplo, disse que a reforçada presença de Isabel dos Santos na Zon "promovia" a fusão. O BES Investimento também acredita, em Junho, na lógica de uma consolidação.

Posição do BES face à operação é importante

Apesar de quase todas as peças já estarem juntas, “algumas peças ainda precisam de ser encaixadas”. São duas questões relacionadas com dois desinvestimentos já anunciados. Um na Sonaecom. Outro na Zon.

A France Telecom já anunciou, em público e por várias vezes, a intenção de deixar a operadora liderada por Ângelo Paupério (na foto), onde detém 20%. A operação poderia ser uma oportunidade para que esse desinvestimento se concretizasse.

O mesmo acontece com o BES. Esteve vendedor da posição na Zon Multimédia ao mesmo tempo que a Caixa Geral. O banco estatal vendeu a posição a Isabel dos Santos, mas o mesmo não aconteceu com o banco liderado por Ricardo Salgado. O facto de não se saber qual a posição em relação à fusão do BES, com uma participação de 10% na Zon, traz incertezas para a concretização do negócio.

Porque, segundo as contas do BPI, é difícil que a fusão seja aprovada em assembleia de accionistas da Zon sem que seja contabilizada a votação do BES. Por isso, “é essencial perceber as intenções do BES”. Por um lado, o negócio iria criar, como relembram os especialistas, a oportunidade perfeita para vender aquela posição. Contudo, por outro, também iria criar uma “forte concorrente” para a Portugal Telecom, empresa onde o BES é um accionista estratégico com uma posição de 10,26%.

Probabilidade de 75%

A Sonaecom é a empresa que, de acordo com o banco de investimento, tem mais capacidade para liderar a consolidação. O BPI Equity Research escreve que a dona da Optimus "tem sido sistematicamente capaz de reduzir custos e de surpreender consistentemente no que diz respeito ao EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações)".

Tendo em conta as estimativas do BPI, o rácio de troca da operação deveria ser de 1.39 (a Zon com um valor 1,39 superior ao da Sonaecom).

Assim, com 54% da capitalização bolsista combinada das duas empresas e com as sinergias conseguidas com a operação, a Zon Multimédia ficaria com um valor de mercado (capitalização bolsista mais sinergias – avaliadas em 54 milhões para a operadora) de 756 milhões de euros, o que confere um potencial de valorização de 8% face ao valor de mercado da Zon no fecho de sessão desta quarta-feira. A cotada sob o comando de Rodrigo Costa (na foto) encerrou a valer 2,199 euros por acção, com uma capitalização bolsista de 679,7 milhões de euros.

No caso da dona da TVCabo, o “target” atribuído pelo BPI para 2013 é de 3,05 euros, onde está incluído um prémio de 0,34 euros relativo a esta fusão/aquisição, que tem em conta uma probabilidade de 75% de ocorrer, de acordo com os analistas.

Do lado da Sonaecom, com 46% do valor de mercado da nova empresa, a que se iriam juntar as sinergias avaliadas para a cotada em 175 milhões de euros, conseguiria um total de 647 milhões de euros, o que confere um potencial de subida de 37% tendo em conta o fecho de hoje. Cada acção da dona do jornal “Público” terminou nos 1,282 euros, a conferir uma capitalização bolsista de 469,5 milhões de euros.

O preço-alvo do BPI para a empresa liderada por Paupério é de 2,20 euros, com um prémio de 0,24 euros devido à operação, tendo em conta a referida probabilidade de 75% de ocorrer.

A recomendação do BPI Equity Research é de “comprar” para ambas as empresas das telecomunicações nacionais.

A nota de análise referida é do BPI Equity Research, a unidade de investimento do Banco BPI. 19,43% do capital do BPI está nas mãos de Isabel dos Santos, empresária que detém, igualmente, 28,8% da Zon Multimédia. Isabel dos Santos tem ainda uma parceria em Angola no retalho alimentar com a Sonae, a Condis.

O BPI detém ainda uma participação de 7,55% na Zon Multimédia. Na nota de “research”, os analistas relembram que António Domingues e Mário Leite da Silva exercem cargos nas administrações do banco e da operadora.


Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.



(Notícia actualizada com mais informações e cotações de fecho às 17h40)


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