As acções da Sonaecom estão a negociar hoje com elevado nível de volatilidade, tendo já estado a subir 1,89% para de repente caírem mais de 4%. O mercado está a ser assolado por rumores, informações e contra-informações, que chegam a envolver a Caixa Geral de Depósitos.

A inversão na tendência nas acções da Sonae terá sido provocada por um rumor muito insistente que dá como garantido o voto contra da Caixa Geral de Depósitos à "desblindagem" dos estatutos da PT, o que mataria a OPA.

Amanhã tem lugar a Assembleia Geral decisiva da OPA e o nível de rumores e de informações não confirmadas que circula e chegam às corretoras de Bolsa e às redacções de jornais é muito elevado.

Também esta manhã, a manchete do "Diário Económico" noticia que a Sonaecom está a estudar cenários de fusão com a Vodafone, caso a OPA falhe, o que fonte da operadora de Paulo Azevedo entretanto desmentiu.

O voto da CGD

O Conselho de Administração da CGD, recorde-se, esteve ontem reunido e tomou a decisão sobre como actuará na Assembleia Geral da Portugal Telecom. O banco, que detém mais de 5% da PT, não comunicou a sua posição.

O rumor do hipotético "chumbo" da CGD chegou ontem também à redacção do Jornal de Negócios, que depois de testar as suas fontes decidiu que a informação não era segura, não publicando qualquer referência sobre o assunto. O porta-voz do banco garante que nem mesmo ele conhece a decisão, que ficou no círculo dos administradores da CGD.

Se a Caixa Geral de Depósitos votar contra a desblindagem de estatutos, os seus mais de 5% podem ser suficientes para, em conjunto com os votos do BES, da Ongoing e de Joe Berardo (que já garantiram que votarão contra), constituir a minoria de bloqueio suficiente para impedir a "desblindagem" de estatutos para a Sonaecom. Sem essa "desblindagem", a OPA não chega ao mercado e "morre" já amanhã na Assembleia Geral.

Bolsa aquece

Mas hoje, esse rumor chegou ao mercado e está a afectar as acções da Sonaecom. Vários operadores do mercado contactados pelo Jornal de Negócios sublinharam o "nível de incerteza" e a "especulação" destes dias.

"Há muita gente a ganhar e muita gente a perder com as acções da Sonaecom nos últimos dias, sobretudo desde que o preço da OPA subiu para 10,5 euros. Há muitas operações de ‘day trading’ que envolvem muito dinheiro", disseram esses operadores.

As acções da Sonaecom têm valorizado e desvalorizado em função da probabilidade que os investidores atribuem ao sucesso da OPA, subindo sempre que a oferta parece mais perto de ter sucesso e caindo quando novas informações apontam para a derrota da oferta.

Desde o início de Fevereiro a cotação da Sonaecom já variou entre o máximo de 8,09 euros no dia 16 de Fevereiro, quando a empresa reviu a contrapartida da OPA de 9,5 euros para 10,50 euros e o mínimo de 5,64 euros, registado no dia 27 de Fevereiro. Trata-se de uma amplitude superior a 40% em menos de duas semanas.

Hoje, as acções da Sonaecom inverteram a tendência e seguem agora a desvalorizar mais de 4% para os 6,07 euros. Durante a manhã os títulos da empresa liderada por Paulo Azevedo chegaram a ganhar 1,89%.

A acentuada queda de hoje não está a ser acompanhada por um volume de negociação extraordinário. Até às 13h20 tinham sido negociados apenas 456,3 mil títulos da Sonaecom, um valor muito inferior à média diária de 2,7 milhões de títulos registada no último mês.