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Minas da Panasqueira admitem suspender a actividade se a situação não se alterar

A administração das Minas da Panasqueira disse esta quinta-feira que a empresa está a passar dificuldades e admitiu que a actividade pode parar se a situação não se alterar.

19 de Março de 2015 às 18:09
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"O mercado é muito atípico e tem de ser acompanhado diariamente, mas se nada mudar seremos obrigados a tomar decisões que serão más para toda a gente. Teríamos de parar toda a produção", afirmou Alfredo Franco, presidente do conselho de administração da empresa Sojitz Beralt Tin and Wolfram Portugal, concessionária daquela mina.

 

Este responsável explicou que os problemas estão relacionados com as constantes quedas do preço do volfrâmio, que ronda actualmente os 277 dólares por MTU (Unidade de Tonelada Métrica), quando em igual período do ano passado estava nos 368 dólares.

 

"Neste momento, estamos a vender com prejuízo, porque temos mais custos de extracção do que o que obtemos com a venda", clarificou.

 

Situação que, segundo disse, está a implicar "perdas incomportáveis" e que a manter-se pode obrigar ao recurso ao "lay-off" [suspensão temporária].

 

"Isso quer dize, que só poderíamos fazer a manutenção geral e o tratamento dos efluentes, mas a produção em si teria de ser suspensa", afirmou aquele responsável que, todavia, tem esperança de que o mercado recupere "rapidamente".

 

Segundo aquele administrador, a última venda feita pela empresa foi realizada para fazer face "aos salários de Janeiro, Fevereiro e Março" e implicou um prejuízo de 700 mil euros.

 

Como medidas iniciais, a empresa optou por reduzir a produção, passando de uma média de 120 toneladas mensais para as 80 toneladas.

 

No que concerne aos postos de trabalho, a empresa esclareceu que tem actualmente 339 trabalhadores e, sempre no cenário de que a situação se mantenha, admite também a possibilidade de dispensar pessoal.

 

"Numa primeira fase, consideramos que essa diminuição atingirá, sobretudo, os reformados e os colaboradores com contratos a termo", refere um documento elaborado pela empresa e hoje entregue aos jornalistas.

 

Alfredo Franco ressalvou ainda que desde o início do ano o número de dispensados foi inferior a uma dezena e garantiu que a empresa fará todos os esforços para não ter de despedir.

 

Não deixou, todavia, de reiterar a "grande preocupação" com a situação do mercado, informando que a capacidade para o pagamento de salários se esgota em Junho.

 

"A partir daí, se nada mudasse - e esperamos que mude - ou o nosso principal accionista (grupo japonês) terá de fazer mais um investimento significativo ou teremos de pedir ajuda ao Governo, através de qualquer mecanismo de apoio ao pagamento de salários", disse.

 

Em relação à reivindicação apresentada pelo Sindicato da Indústria Mineira de um aumento salarial de 07%, Alfredo Franco reiterou que a empresa não "tem condições para fazer a um aumento superior ao proposto (0,5%)" e que mesmo esse só será possível caso o pior cenário não se concretize.

 

Informações que também têm sido reportadas à Direcção Geral de Energia e Geologia e que foram transmitidas, durante a manhã de hoje, aos autarcas locais, designadamente o vice-presidente da Câmara da Covilhã, a presidente da Junta de Freguesia de Aldeia de São Francisco de Assis e o presidente da Junta de S. Jorge da Beira.

 

As Minas da Panasqueira são as únicas minas de extracção de volfrâmio a laborar em Portugal e empregam 339 pessoas essencialmente dos concelhos da Covilhã e Fundão no distrito de Castelo Branco, e Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra.

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