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Metade das empresas vai contratar mais pessoas mas nem uma quer aumentar salários
Um quarto dos gestores de recursos humanos portugueses vê com bons olhos a possibilidade do horário laboral das 35 horas semanais ser replicado no sector privado. Com metade das empresas a pretender recrutar mais pessoas este ano, nem uma prioriza o aumento de salários.
A formação e desenvolvimento dos trabalhadores (35%), a motivação diárias das equipas (24%) e a gestão do talento (22%) estão no topo das prioridades dos gestores de recursos humanos portugueses questionados pelo Kaizen Institute em Portugal, assinalando-se que nem um dos 80 inquiridos considera prioritário aumentar salários.
Um congelamento salarial que não surpreende o senior partner do Kaizen Institute Western Europe: "Houve enormes esforços financeiros nas empresas nos últimos anos, como sabemos, devido às contenções que o país viveu, que, inevitavelmente, exigiu também esforços e ajustes da parte de muitas empresas", considera António Costa, em declarações ao Negócios.
Como alternativa ao congelamento salarial, defende o mesmo responsável, "as empresas procuraram alternativas para manter as pessoas motivadas e reter talentos, revelando que as empresas demonstram estar focadas em encontrar soluções para os colaboradores",
Também de acordo com a 7.ª edição do Barómetro Kaizen de Recursos Humanos, a que o Negócios teve acesso, metade (49%) das empresas participantes neste painel pretende recrutar mais trabalhadores até ao final deste ano, enquanto 8% afirma que haverá reduções dentro da instituição.
Para António Costa, o facto de metade das empresas ter a intenção de aumentar o seu quadro de pessoal "é francamente interessante e uma lufada de ar fresco no panorama nacional dos últimos tempos, ajudando a aumentar os níveis de confiança dos portugueses no mercado laboral".
Um dado que, conclui, "alavanca o poder de compra dos portugueses e permite perspectivar com bons olhos a economia do país e desenvolver as economias locais".
Eventualidade das 35 horas semanais agrada a um quarto das empresas
Já quando questionadas sobre a eventualidade das 35 horas semanais replicarem-se no sector privado, 49% das empresas afirma "não ser um tema prioritário neste momento", enquanto 24% vê como "um aspecto positivo que promoverá o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal".
Cerca de 16% identifica este cenário como "negativo, devido aos custos adicionais com novas contratações", havendo 5% que vê a medida como "positiva e que poderá aumentar a produtividade dos colaboradores".
No quadro das iniciativas existentes nas empresas para promover a relação entre as chefias e os colaboradores, 57% dos inquiridos destaca "o acompanhamento frequente da ligação entre os objectivos da equipa/individuais e os objectivos da organização", e 51% considera "existirem momentos normalizados de comunicação".
Ainda relativamente a esta temática, 43% do universo questionado sinaliza "a existência de confraternização de comemorações de datas"; 38% identifica "os encontros regulares informais", 32% afirma "existirem actividades de ‘team building’", 19% sublinha "o acompanhamento do plano de carreira e acções e ‘feedback’", enquanto 11% admite "não existirem iniciativas em concreto".
Mais de dois terços das empresas diz-se preparada para a 4.ª revolução industrial
Perante o cenário da substituição de trabalho por máquinas a médio e longo prazo, 68% dos participantes neste barómetro garantiu que "integra já no plano estratégico da empresa a requalificação das competências dos colaboradores".
Já 43% dos inquiridos admitiu a contratação de "perfis com competências complementares", 35% prevê "reafectar pessoas a outras áreas já existentes", 27% afirma "não ter actividades planeadas", e 16% afirma que "criará novos departamentos para entrega de novo produto/serviço".
Os dados deste barómetro, elaborado pelo Kaizen em parceria com a RH Magazine, revelam também que "o nível de motivação dos trabalhadores tem vindo a aumentar – em 2014 a média era de 11,7 e cresceu para 12,5 em Março de 2016, registando o primeiro decréscimo em Outubro do ano passado para 12,3, voltando agora a subir para uma média de 13,4 valores".
Este barómetro foi realizado junto de 80 directores de recursos humanos de empresas públicas e privadas de sectores como a banca, indústria, saúde, logística e retalho e serviços.
"O Barómetro de Recursos Humanos permite-nos analisar o mercado laboral e conhecer com regularidade – fazemos este barómetro duas vezes por ano – de que forma os colaboradores estão mais ou menos motivados e como as direcções de recursos humanos perspectivam as suas equipas a médio prazo, e como se adaptam às mudanças das instituições, da economia e do mercado", sublinha António Costa.