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Governo vai ao Japão buscar investimento

Poucas semanas após a assinatura do acordo comercial entre União Europeia e Japão, o Governo português faz uma ofensiva de diplomacia económica, concentrada na área das tecnologias, electrónica, energia e automóvel.

A missão de investimento ao Japão, de 29 de Janeiro e 2 de Fevereiro, conta com o ministro Pedro Marques, o secretário de Estado Eurico Brilhante Dias e o presidente da AICEP, Luís Castro Henriques.
António Larguesa alarguesa@negocios.pt 26 de Janeiro de 2018 às 17:24

Captar investimento e promover as exportações nacionais. É esta a missão que o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, leva na bagagem para o Japão, onde durante cinco dias manterá contactos políticos e visitará empresas dos sectores das tecnologias de informação, comunicação e electrónica, energia e automóvel.

 

Na agenda do responsável pela diplomacia económica portuguesa estão encontros institucionais com o Vice-Ministro Parlamentar dos Negócios Estrangeiros, logo no primeiro dia da visita, a 29 de Janeiro; e no dia seguinte com o Vice-Ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão. Reuniões que acontecem menos de dois meses após a Comissão Europeia ter concluído, a 8 de Dezembro de 2017, um acordo de livre comércio com o país asiático.

 

Na terceira maior economia do mundo, com mais de 126 milhões de habitantes, Eurico Brilhante Dias vai participar no seminário "Portugal Business Competitiveness" sobre oportunidades de investimento em Portugal, promovido pelo grupo financeiro Sumitomo Mitsui Banking Corporation, onde perto de 170 empresas locais já têm lugar reservado. Também o ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, vai fazer uma apresentação nesse evento.

Horas depois desse seminário, que contará também com os testemunhos de empresas japonesas que já investem em Portugal, como a Fujitsu e o Grupo Metts, a AICEP vai aproveitar a presença de dois membros do Governo para assinar um protocolo com a congénere nipónica "Japan Institute for Overseas Investment" (JOI). De acordo com a agência pública liderada por Luís Castro Henriques, que segue viagem nesta missão de investimento, esse acordo "pretende reforçar a cooperação económica entre os dois países, através da partilha de informação, novas parcerias e avaliação de novas oportunidades e perspectivas de investimentos".

"O Japão é um país com grande potencial de captação de investimento e é um mercado que a AICEP tem dado particular relevância. Este trabalho que temos feito tem permitido colocar Portugal no mapa dos investidores japoneses. Por exemplo, a gigante Marubeni tem investido em Portugal e o ano passado abriu mesmo uma filial em Lisboa", sublinhou Castro Henriques, que em Março de 2017 substituiu Miguel Frasquilho na liderança da AICEP.

Segundo as indicações dadas pelo Ministério tutelado por Augusto Santos Silva, o investimento estrangeiro directo nipónico em Portugal está concentrado nos sectores químico, farmacêutico, tecnologias de informação e automóvel. Um dos últimos a serem concretizados foi precisamente a entrada do grupo japonês Mitsui como accionista da CaetanoBus, a maior fabricante de carroçarias e autocarros em Portugal, participada da Salvador Caetano.

 

Também a gigante Fujifilm concentrou em Portugal a actividade de reparação de endoscópios. Além da prestar toda a assistência técnica ao mercado português e espanhol, no segundo semestre de 2017 estendeu as competências desta equipa, localizada em Vila Nova de Gaia, a nível europeu em várias linhas destes aparelhos da área médica, que já vale quase 50% das vendas da sucursal. A capacidade técnica dos trabalhadores e a flexibilidade laboral ajudaram a atrair este investimento, apontou o novo gestor ibérico da Fujifilm, Pedro Mesquita.

 

Exportações residuais dão margem para crescer no Japão

O mercado japonês assume uma posição modesta no contexto do comércio internacional português de bens e serviços. Em 2016, o último ano completo com dados disponíveis, a quota do Japão foi de 0,28% enquanto cliente e de 0,42% como fornecedor. E a balança foi desfavorável a Portugal, tendo-se mesmo registado nesse período o maior défice dos últimos cinco anos: 89,3 milhões de euros. Segundo dados da AICEP, as máquinas e aparelhos lideraram nesse ano as exportações portuguesas para aquele território (29% do total), seguidos dos produtos alimentares (22%), calçado (8%), produtos químicos (6%) e produtos agrícolas (6%). Em sentido contrário, o Japão envia sobretudo veículos e outro material de transporte, que representaram 43% das todas as vendas a Portugal. Máquinas e aparelhos (29%), plásticos e borracha (10%), instrumentos de óptica e precisão (7%) e produtos químicos (3%) completam a estrutura de importações.


O secretário de Estada da Internacionalização chega ao Japão dois após o fecho da "International Jewellery Tokyo", a maior feira de joalharia do país, em que a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal participa pela primeira vez. Entre 1.300 expositores de 30 países estão duas empresas de Gondomar – a Galeiras, vocacionada para armazenistas e grossistas, e a Goris, criada nos anos 1980 e que tem afirmado a sua marca própria; e ainda as jóias feitas à mão por Inês Barbosa, da quinta geração de uma família de ourives da Póvoa de Lanhoso.

 

Estes e outros negócios portugueses e japoneses podem aproveitar as portas que se abrem com maior amplitude a partir de 2019, quando se prevê que entre em vigor aquele que será o maior acordo comercial jamais assinado entre a União Europeia e um país terceiro. Negociado durante quatro anos, foi concluído em Dezembro – o acordo de princípio já tinha sido alcançado cinco meses antes – e terá agora de ser aprovado pelo Parlamento Europeu e pelos países-membros.

 

As trocas com o Japão, o sexto parceiro comercial da UE em 2016, representam 3,6% do comércio exterior europeu. Nesse ano, os 28 Estados exportaram para o mercado japonês 58 mil milhões de euros em bens e 28 mil milhões em serviços. Segundo um estudo de impacto da Comissão Europeia, o pacto com os japoneses, acompanhado de uma parceria económica que abrange investimento, direitos de propriedade intelectual, concorrência e contratos públicos, deve fazer o PIB europeu crescer 0,76% a longo prazo.

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