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CTT passam de prejuízos a lucros de 17,2 milhões de euros no semestre

Os CTT fecharam o primeiro semestre com um resultado líquido de 17,2 milhões de euros. Os rendimentos operacionais atingiram 412,8 milhões de euros.

O presidente dos CTT, João Bento, defende que é preciso “reinventar a natureza do serviço público”.
Hugo Rainho
05 de Agosto de 2021 às 18:35
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Os CTT encerraram os primeiros seis meses de 2021 com lucros de 17,2 milhões de euros, que comparam com prejuízos de dois milhões de euros registados no período homólogo. O crescimento foi "impulsionado principalmente pelo crescimento no EBIT recorrente", refere a empresa. 

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários esta quinta-feira, o grupo postal revela que os rendimentos operacionais subiram 18,2% para 412,8 milhões de euros, mais 63,6 milhões do que no mesmo período de 2020.

O negócio de Expresso e Encomendas manteve a trajetória de crescimento, ao avançar 47,8% para 125,8 milhões de euros, atingindo "novos máximos de rendimentos". Este segmento beneficiou do "forte desempenho da região ibérica, com Espanha a mostrar os resultados da estratégia delineada", com um crescimento de 79,5%. Em Portugal, o negócio cresceu 29,6%. Entre janeiro e junho, Espanha representou quase metade (45,5%) das receitas do segmento Expresso e Encomendas, uma subida de 8 pontos percentuais face ao homólogo. Em Portugal e Espanha, foram transacionados 35,8 milhões de objetos, mais 59,6% face ao primeiro semestre de 2020.

A CTT Expresso Espanha atingiu o breakeven de EBITDA no segundo trimestre, com 1,5 milhões de euros, e 1,3 milhões de euros no semestre. Um resultado que superou as previsões da empresa. No segundo trimestre, o EBIT recorrente da CTT Expresso Espanha também atingiu o breakeven. 

A empresa refere que a estratégia de crescimento se mantém em Espanha. "Para fortalecimento da capacidade e da cobertura" no país vizinho estão planeados quatro novos centros operacionais, até 2022, "estando assim a operação em Espanha preparada para acolher o crescimento que se antecipa para os próximos trimestres".

Segundo o grupo postal, "este investimento, em conjunto com o crescimento já verificado e com novos processos de negócio ao nível da software de distribuição, novos modelos de remuneração de parceiros e renegociação de contratos existentes tem vindo a permitir uma redução de custos variáveis e um consequente aumento da rentabilidade da operação em Espanha".

Raspadinhas impulsionam retalho

Por sua vez, os rendimentos do Correio aumentaram 6,6% para 216,1 milhões de euros, um desempenho que a empresa liderada por João Bento classifica como "sólido face ao contexto económico e à tendência secular dos serviços de Correio".

O desempenho resultou "do aumento dos rendimentos do correio transacional  (+7,1%), cuja receita beneficiou do aumento do contributo dos produtos de maior valor acrescentado, os quais apresentam também um maior valor unitário, assistindo-se a uma menor dependência do correio normal", cujo peso na receita passou de 37% para 34%, justifica a empresa. O peso do correio registado e internacional de chegada subiu de 34% para 37%, contribuindo também para a melhoria.

As soluções empresariais registaram uma quebra de 14,3% devido à "queda significativa nos preços de venda dos Equipamentos de Proteção Individual e dos volumes de venda elevados que se atingiram" no segundo trimestre do ano passado.  

No segmento de Serviços Financeiros e Retalho, os rendimentos operacionais aumentaram 10,3% para 23,7 milhões de euros. Os rendimentos dos serviços financeiros recuaram 2,2%, enquanto os serviços de pagamentos dos CTT cresceram 11,9%. Os produtos e serviços de retalho aumentam 50,8%, principalmente devido ao negócio do jogo, que disparou 125,5%, "impulsionado pela introdução no 4T20 da venda de "raspadinhas" e ao progressivo alargamento da sua comercialização a toda a rede de lojas".

Banco CTT com 725 moratórias

Já o Banco CTT fechou o semestre com uma subida dos rendimentos operacionais de 19%, para 45,7 milhões de euros. A margem financeira subiu 20,4% para 25,7 milhões de euros

A empresa destaca a parceria firmada com a Sonae Financial Services em abril, com a qual o Banco CTT passou a ser o único credor
em relação à carteira de crédito do Cartão Universo. O negócio gerou rendimentos de 2,6 milhões de euros no segundo trimestre, com um volume de balanço líquido de 185,5 milhões. 

A produção de crédito à habitação recuou 18,5% para 69,3 milhões de euros, "refletindo os efeitos da retração económica causada pelo contexto pandémico". 

Os depósitos de clientes aumentaram 12,9% face a dezembro de 2020 para 1.906,7 milhões de euros e foram criadas 26 mil novas contas, para um novo total de 543 mil. 

Segundo a empresa, a 30 de junho de 2021 existiam 725 créditos sob moratória, que correspondem a 40,1 milhões de euros, 30,8 milhões dos quais relativos a crédito à habitação. O valor representa 3,3% do total da carteira bruta de crédito a clientes. "Do total de moratórias terminadas, existem cerca de 2,9 M€ com atrasos superiores a 30 dias, que representam cerca de 11% do total de moratórias privadas terminadas em 30 de setembro de 2020", revela a empresa. 

CTT esperam contrato de concessão "dentro do prazo"

Os gastos operacionais cresceram 10,9% para 381,8 milhões de euros. Os gastos com pessoal aumentaram 4,2%. A 30 de junho, os CTT tinham mais 246 trabalhadores do que no período homólogo, num total de 12.261. 

As imparidades e provisões reduziram-se -47,7% "em resultado da revisão das matrizes de risco de crédito e da melhoria da situação económica, tendo em conta que o período homólogo estava fortemente impactado pela pandemia e incerteza, sobretudo a nível do crédito auto".

O investimento aumentou 7,6% para 11,7 milhões de euros no semestre, com destaque para a área de Expresso e Encomendas.

A empresa espera que 2021 "continue a ser marcado pelo desenrolar da pandemia de COVID-19", e por um "contexto de elevada incerteza", que ainda assim deverá levar os CTT a alcançar um EBIT 60 milhões acima do exercício de 2020. 

O grupo postal faz ainda referência ao processo relativo ao novo contrato de concessão. "Reafirmamos a confiança de que o mesmo será formalizado dentro do prazo da prorrogação em vigor. Tal deverá melhorar a capacidade de os CTT cumprirem as obrigações do serviço universal num enquadramento mais sustentável".
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