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Cesta de compras dos portugueses é a mais pequena dos últimos quatro anos, diz estudo

Estudo sobre o comportamento do setor do grande consumo no primeiro trimestre realizado pela Kantar para a Centromarca mostra que os portugueses estão a comprar menos, mas a preços mais elevados na comparação com 2019.

Consumidores e empresários: todos esperam que os preços continuem a subir nos próximos três meses.
Vasco Neves
18 de Maio de 2022 às 16:38
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A cesta de compras encolheu, mas o valor pago aumentou, com os portugueses a optarem também cada vez mais produtos das marcas de distribuição, na sequência da subida dos preços dos produtos, devido à inflação e às consequências da guerra na Ucrânia.

É o que revela um estudo realizado pela consultora Kantar para a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca que analisou o comportamento do grande consumo no primeiro trimestre do ano, cujos resultados vêm confirmar a perceção de que a atual conjuntura, de carestia de vida, está a ter impacto nas compras.

De acordo com os dados do estudo, divulgados esta quarta-feira, o volume das cestas de compras foi o menor dos últimos anos, após cair 2,8% no primeiro trimestre comparando com igual período de 2019. 

A quebra deu-se em praticamente toda a linha. "Considerando o mesmo período evolutivo nos vários segmentos, observa-se que quase todos são impactados por cestas ligeiramente mais pequenas, mas com um gasto maior", diz a consultora, apontando que a única exceção à regra foi o segmento da higiene e beleza, que mantém a desvalorização já sentida nos períodos anteriores.

Cenário distinto verifica-se na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. "Assiste-se a uma perda inevitável, tanto em valor como em volume, uma vez que no primeiro trimestre de 2021 estávamos confinados", explica Marta Santos, da Kantar. Já a a frequência de compra mantém-se estável, com os jovens a serem o grupo que mais aumenta a regularidade de compra", adianta, citada em comunicado.


Marcas de distribuição ganham terreno

 
À luz dos dados, nos primeiros três meses, 58% das categorias aumentaram o preço, das quais 31% perderam compradores, incluindo em segmentos básicos como o arroz, azeite e margarinas, com o corte de custos que propiciou a levar a um "crescimento contínuo e acelerado das marcas de distribuição". Tanto que, neste momento, a quota de valor situa-se nos 41,1%, tendo aumentado 2,3 pontos percentuais face a 2021 e 5,2 pontos percentuais em relação a 2019, indica a Kantar, destacando em particular o desempemho das marcas da Mercadona e do Intermarché.

"Em crises anteriores, como na de 2011, o corte de custos em resposta à crise levou a uma maior procura das marcas da distribuição, as quais chegaram a atingir os 37% de quota em valor no primeiro trimestre desse ano, valor que posteriormente decresceu por força da forte ação promocional dos fabricantes", contextualiza o diretor-geral da Centromarca, Pedro Pimentel.

Mas, hoje, ressalva, "esta ameaça às marcas de fabricante é ainda maior, uma vez que existe um contexto diferente, com lojas com formatos de sortido curto muito focadas nas suas marcas próprias, ágeis e que conquistaram a confiança de muitos portugueses".

De acordo com a Kantar, comparativamente com os primeiros três meses de 2019, a preferência por marcas de distribuição é ainda mais visível em categorias que aumentam o preço e perdem compradores (26 em 29 conquistaram quota de mercado), como o leite UHT, refrigerantes de fruta, ou azeite.

No que toca à análise da dinâmica dos canais de compra, o estudo indica que os 'discounts' continuam a crescer e que os hiper e supermercados a recuperar alguma quota face à perda sentida no pico da pandemia. "Quando a inflação se começa a fazer sentir e a aposta recai mais sobre as marcas de distribuição, também se pensa no local de compra e em como a necessidade de controlar os gastos pode influenciar a escolha da loja", observa Pedro Pimentel.

Já ao nível do consumo fora de casa, a consultora sinaliza que os números estão ainda longe do período pré-pandemia, apontando que "a inflação, aliada ao facto de muitos portugueses recorrerem ainda ao teletrabalho total ou em modelos híbridos, poderá dificultar a recuperação no segmento". "Num momento em que o custo dos produtos está a aumentar, os portugueses terão de fazer escolhas para gerir o seu orçamento familiar mensal e o consumo fora de casa acaba por ser preterido", conclui Marta Santos.

 

Por fim, no caso do consumo efetivado através da Internet, a consultora indica que o estudo demonstra que "o grau de penetração permanece um pouco acima do verificado em 2020 (15% versus 16,8%), essencialmente por causa dos reformados, que continuaram a realizar as suas compras à distância", apesar de o canal online ter perdido parte dos consumidores conquistados durante a pandemia.

"Não obstante o índex de preço do ser mais elevado no online, os consumidores que se mantiveram os seus atos de compra no canal são agora mais fiéis. Quase 40% repete a compra, as cestas são maiores, ao contrário do que vemos acontecer a nível nacional, e o consumidor do canal online realiza mais atos de compra do que antes", comenta Pedro Pimentel, citado na nota de imprensa que acompanha o estudo.

 

Os dados de compra do estudo são baseados no painel de lares da Kantar, que conta com uma amostra de 4.000 lares participantes de Portugal continental, que declararam as suas compras, no período em análise de 12 semanas, compreendidas entre 3 de janeiro de 27 de março de 2022.

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