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Inflação "tira" 13% do volume de carrinho de compras num ano
Estudo mostra que portugueses foram mais vezes às compras no ano passado, mas compraram menos em cada ida ao supermercado. Inflação impediu o regresso dos padrões de compra dos portugueses a valores pré pandemia.
A frequência com que os portugueses foram às compras aumentou 4% no ano passado, mas o volume médio de cada carrinho de compras diminuiu 13,2%, uma tendência que a inflação veio acentuar, revela um estudo realizado pela Kantar e analisado pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca.
Em comunicado, enviado esta quarta-feira às redações, a consultora de mercado indica que o gasto médio de cada ida às compras subiu 5,1% no ano passado face à pré-pandemia (2018), mas desceu 5,5% comparativamente a 2021.
Segundo o estudo, denominado "Shopper Insights", 60 das categorias de produtos de grande consumo registaram quedas no volume de compras no intervalo de um ano, embora 15% tenham ganhado ocasiões de compra no mesmo período.
As marcas de fabricante saíram valorizadas, com os dados a apontarem que "mesmo nos 'discounters' como Minipreço, Lidl e Aldi, entraram em praticamente oito em cada dez carrinhos de compras". "Em 2022, os consumidores que encheram carrinhos exclusivamente com marcas de distribuidor (as chamadas marcas próprias) fizeram-no 26 vezes", enquanto os que optaram exclusivamente pelas de fabricante foram consumidores mais frequentes, com 32 idas às compras", detalha a Kantar.
Os resultados do estudo deixam, na perspetiva da Kantar e da Centromarca, "algumas pistas" para os fabricantes designadamente ao nível da inovação e transparência dos produtos. "O lançamento de produtos em novas categorias, mesmo em períodos de recessão, como aquele ocorrido entre 2007 e 2013 na Europa, levou a crescimentos no volume de vendas. Mais: os consumidores procuram, cada vez mais, que lhes sejam comunicados claramente os benefícios dos produtos, sobretudo quando associados a um estilo de vida mais saudável", como os com baixo teor em açúcar, sem glúten ou biológicos", realçam.
"Há ainda potencial de recrutamento, dentro e fora dos clientes atuais, sendo essencial conhecer bem as necessidades de diferentes grupos de consumidores para manter relevantes as categorias e as marcas no momento de compra", observa Marta Santos, da Kantar.
Do estudo retiram-se ainda outras tendências, "como o crescimento da comida pronta, o aumento do número de momentos de consumo ou o investimento dos portugueses em 'mimos' – com 80% dos lares portugueses a dizerem que gostam de 'mimar' a sua família com produtos de segmentos indulgentes – também são fatores a ter em conta para as marcas adequarem a sua oferta às necessidades dos consumidores".
Isto porque - sustentam - "mesmo num cenário inflacionista, boas marcas significam produtos diferenciados de que os consumidores não prescindem".
"A inovação relevante, a conveniência e mesmo a indulgência continuam a ter um espaço significativo nas escolhas do portugueses. Esse é um território privilegiado de investimento das marcas de fabricante, que são fundamentais na geração de frequência e de exclusividade e na captação de valor em todos os retalhistas, independentemente da sua tipologia", reforça o diretor-geral da Centromarca, Pedro Pimentel, embora sinalizando que "há uma transferência. de uma parcela significativa do consumo para as marcas próprias dos retalhistas, muito por força do crescimento dos retalhistas que disponibilizam ao consumidor um sortido muito fortemente constituído pelas suas próprias marcas".
O estudo foi feito com base no painel de lares da Kantar, composto por uma amostra da 4.000, representativos de Portugal continental.