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António Saraiva: "Como cidadão admito que haja especulação nalguns setores"

O presidente da CIP, António Saraiva, diz que de uma forma geral as empresas absorveram a subida de preços, mas também refere que há casos em que os custos já aliviaram mas os preços não caíram.

Miguel Baltazar
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Sublinha que não tem "bases objetivas" para o afirmar, mas enquanto "cidadão" e "consumidor" António Saraiva, presidente da CIP, admite que haja especulação nalguns setores.

"Não lhe consigo responder em rigor a isso. Enquanto cidadão admito que sim, perceciono que sim. Bases objetivas para lhe dizer que sim sinceramente não tenho, mas não deixo de responder: enquanto cidadão, enquanto consumidor acho que sim, acho que há aqui algum aproveitamento deste efeito inflacionista que todos estamos a sofrer", diz António Saraiva, em entrevista ao Negócios e à Antena 1.

Ao longo da entrevista, António Saraiva afirma que de uma forma geral as empresas amorteceram os efeitos da inflação, mas reconhece que nalguns casos os custos aliviaram e os preços não caíram.

"É certo que nalgumas tipologias os preços aumentaram e baixando algumas das variáveis [de custos] não reduziram os preços. É uma questão que de facto deveria ser revista".

Contudo, António Saraiva também acrescenta que algumas empresas continuam a aumentar os preços porque o fizeram faseadamente, e ainda estão a refletir o aumento de custos.

De uma forma geral, "as empresas amorteceram muito os custos que sofreram e, se não o tivessem feito, os efeitos da inflação seriam muito superiores aos que temos hoje".

Em janeiro, a taxa de inflação homóloga diminuiu para 8,4%, menos 1,2 pontos do que no mês anterior, o que significa que os preços continuam a aumentar, mas um pouco menos.

Os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas estavam em janeiro a subir 20,6%.

A variação média dos últimos doze meses, que geralmente serve de referência para aumentos salariais, foi de 8,2%. O salário mínimo subiu 7,8% em janeiro (em linha com a inflação média registada em dezembro) e o acordo de rendimentos e competitividade tem como orientação subidas de 5,1%, o que implica perda de poder de compra. 

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