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Acredita na fusão? Então ganhe dinheiro com isso

A fusão do BPI com o BCP abre oportunidades para ganhar dinheiro na bolsa. Se acredita na junção dos dois bancos, poderá montar uma estratégia que passa pela compra e venda simultânea de acções. A vantagem é a ausência de riscos.

29 de Outubro de 2007 às 07:55
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A fusão do BPI com o BCP abre oportunidades para ganhar dinheiro na bolsa. Se acredita na junção dos dois bancos, poderá montar uma estratégia que passa pela compra e venda simultânea de acções. A vantagem é a ausência de riscos.

A arbitragem é um conceito corrente na gíria financeira. Consiste na venda/compra de acções (cujos preços estão correlacionados), num determinado período e a sua aquisição/venda simultânea num período posterior, de forma a aproveitar os desajustes de cotação que possam existir entre os activos.

No caso da fusão entre o BCP e o BPI, este último propõe um rácio de troca de dois para um. Um accionista que tenha em carteira 1.000 acções do BCP, vai receber na fusão 500 acções do Millennium BPI. Esta relação obriga a que as cotações dos bancos estejam correlacionadas. O BPI está a cotar nos 6,50 euros, o que atribui ao BCP um valor teórico de 3,25 euros. No entanto, as acções do BCP fecharam a cotar 5,2% acima do preço implícito na proposta de fusão, nos 3,42 euros.

Neste cenário, o BCP está caro, tendo em conta o rácio de troca. Com a realização de uma operação de arbitragem, o investidor poderá lucrar com este desajuste. Face às cotações actuais, o investidor poderá pedir emprestado (venda a descoberto), por exemplo, mil acções do BCP e aliena-las, conseguindo um encaixe de 3.420 euros.

Este montante permite-lhe comprar, a preços actuais, 526 acções do BPI, desembolsando os mesmos 3.420 euros. No futuro, se as acções voltarem a negociar em equilíbrio (por exemplo, BPI a 6,50 euros e BCP a 3,25 euros), o investidor pode inverter a posição, com uma mais-valia. Paga 3.250 euros para recomprar as 1.000 acções do BCP e devolve-as. Simultaneamente, vende as acções do BPI inicialmente compradas com um encaixe de 3.420 euros. O saldo final é de 170 euros.

Uma operação de arbitragem é rentável, desde que no momento de entrada as acções estejam fora do equilíbrio e que na saída os preços estejam equilibrados. Esta vantagem é conseguida sempre que o investidor opte por fechar a posição antes da fusão, qualquer que seja o desequilibro.

Face à actual cotação do BPI (6,50 euros), se o BCP estivesse a negociar abaixo do valor teórico de 3,25 euros (3,24 euros), a arbitragem passava por comprar 1.000 acções do BCP (gastando 3.240 euros) e vender, a descoberto, 498 acções do BPI por 3.240 euros. Se os preços regressarem ao equilíbrio, vende as 1.000 acções do BCP com um encaixe de 3.250 euros. Recompra as 498 acções do BPI que tinha pedido emprestado, pagando 3.240 euros. O ganho será de 10 euros.

Em vez de fechar as posições nas operações de arbitragem, o investidor pode manter a exposição aos títulos até que se concretize a fusão. No entanto, a estratégia só é rentável nos cenários em que o BPI ou o BCP estejam abaixo do equilíbrio. Mesmo assim, ao contrário de uma arbitragem, o ganho não é garantido. Só consegue um ganho idêntico se a cotação do BPI se mantiver estável.

O conceito de arbitragem implica a inexistência de risco e ausência de qualquer capital próprio envolvido. Na prática, é natural que determinadas operações incorporem algum risco. Antes de montar a estratégia, o investidor deve calcular se os ganhos previstos são suficientes para compensar os custos associados (corretagem, comissões e juros), factores que não foram tidos em conta nas simulações anteriores. Também, para que a arbitragem funcione, o investidor terá de estar certo que a fusão se vai concretizar. Caso contrário, os preços podem não regressar ao equilíbrio, o que pode resultar em perdas.

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