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Neymar “milionário” pode ser rentabilizado

O brasileiro Neymar Jr protagonizou a transferência mais cara da história do futebol. Os especialistas acreditam que o investimento terá retorno. O próprio PSG também acredita nisso. Mas para os clubes portugueses, esta venda mostra que o fosso face à elite europeia não pára de aumentar.

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06 de Agosto de 2017 às 22:00
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A saída de Neymar do Barcelona foi o grande destaque do mercado de transferências.  O jogador brasileiro, que tinha uma (aparentemente impagável) cláusula de rescisão de 222 milhões de euros, foi contratado pelo Paris Saint-Germain, clube que nem venceu o campeonato da época passada, mas que dispõe de fundos elevados pela sua ligação ao Qatar.

O montante mais do que duplica o anterior recorde de transferências: os 105 milhões de euros pagos pelo Manchester United para comprar o médio francês Paul Pogba à Juventus.

Apesar de tudo, os especialistas acreditam que Neymar será um investimento recuperável por parte do PSG. "Quando se pensa que se trata de um contrato de cinco anos, que Neymar tem 25 anos e que vai ser a próxima grande figura do futebol mundial, depois de Ronaldo e Messi deixarem de jogar… eu acredito que é um investimento com retorno", atesta Daniel Sá, especialista em marketing desportivo do IPAM. Com Ronaldo foi o que aconteceu. "Está mais do que recuperado o investimento, e nem falo da vertente desportiva."

Daniel Sá está convencido de que hoje em dia os clubes "já contratam um jogador com o cálculo do retorno que este vai gerar", que assenta na "visibilidade e capacidade de atracção de receitas". "O clube pode ser alavancado pelo jogador nas vertentes desportiva e mediática. Na desportiva, apesar de o campeonato francês ser um campeonato menor, a Liga dos Campeões será a principal montra de Neymar e do clube", antecipa. O PSG aponta também para a Champions.

"Hoje em dia os clubes já contratam um jogador com o cálculo do retorno que este vai gerar." Daniel Sá, Director executivo do IPAM

Além disso, Daniel Sá antecipa que o PSG consiga entrar em força num "mercado enorme" como é o do Brasil, além de ganhar ainda mais influência no mercado asiático. "As receitas do futebol têm crescido de forma exponencial, e essa tendência não vai parar, esperando-se que os clubes de topo atinjam, nos próximos anos, facturações acima dos mil milhões de euros", campeonato a que o PSG chega com a entrada de Neymar.

Ao Financial Times, Stefan Szymanski, autor de um livro sobre a economia do futebol, assinala que, se há 30 anos os clubes iam buscar quase todas as receitas aos adeptos locais, hoje "o alcance mundial das equipas, através de todos os tipos de meios de comunicação", significa que "o potencial de geração de receitas vem de celebridades globais como Neymar, Messi e Ronaldo". Por isso, "não é impossível" imaginar que esta transferência "venha um dia a compensar".

O presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, citado pela Reuters, admitiu aos jornalistas,  que o valor do clube subiu 500 milhões de dólares para 1,5 mil milhões de dólares desde a assinatura milionária. E em duas horas, acrescentou, venderam na loja online  500 mil euros. De acordo com o canal BFM TV, só na sexta-feira, na véspera da apresentação oficial do jogador em Paris, o PSG vendeu 10 mil camisolas com o número 10 já a assinalar a pertença a Neymar Jr. A preços entre 100 e 150 euros.

Por isso, o presidente do PSG acredita que "já começámos a recuperar o que investimos". Por isso, não tem dúvidas "agora pode parecer caro, mas dentro de dois anos talvez não. Acredito que vamos ganhar mais com ele do que gastámos. A marca PSG-Neymar é muito forte e podemos fazer muita coisa juntos".

Esta transferência mostra, no entanto, que "os clubes tradicionais ficam em cheque", em especial os gigantes Barcelona, Real Madrid e Bayern de Munique, face a clubes detidos por milionários como o PSG ou o Manchester City. E esta reorientação no futebol europeu também não é boa para os clubes portugueses. "Estamos a entrar numa nova era no futebol europeu, e infelizmente, o fosso entre as equipas portuguesas e europeias não tem parado de se acentuar". "Com muita pena minha, a Champions que o José Mourinho ganhou com o Futebol Clube do Porto foi a última. Hoje em dia a diferença é enorme face às outras equipas, e já se vê que as equipas portuguesas não conseguem sequer passar dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões", observa. O prognóstico não é animador. "Começamos a ter uma elite de 15, 20 clubes europeus e os clubes portugueses estão muito longe daí", por isso é expectável que a Liga dos Campeões "acabe para dar origem a uma competição apenas para essa elite". 

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