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Neymar e o fim da classe média

Num futuro próximo, só existirão os clubes muito ricos e os remediados ou pobres. O fosso económico e social a que se assiste na sociedade actual reflecte-se no futebol.

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O futebol, outrora considerado o "ballet" dos trabalhadores, tornou-se o espectáculo preferido de todos. Dos mais ricos aos mais pobres, dos homens às mulheres. Todos compreendem as suas regras simples. Todos o podem tentar jogar. Por isso hipnotiza qualquer alma, seja na Europa, na Ásia ou na África. O futebol é uma paixão. E esta não se devia medir em euros. Mas o futebol é cada vez mais dinheiro, com gestores, empresários, comissionistas, patrocinadores e televisão. A paixão parece-se já com uma mercadoria. O futebol é um bom espelho da sociedade. A loucura que ameaça o mercado de transferências deste Verão, que ameaça pulverizar todas as anteriores e atingir o nível de hospício encartado com a eventual ida de Neymar para o PSG, por mais de 200 milhões de euros. Este ano pode ser o do início do fim da classe média do futebol europeu. Num futuro próximo, só existirão os clubes muito ricos e os remediados ou pobres. O fosso económico e social a que se assiste na sociedade actual reflecte-se no futebol. A simplicidade, o valor emocional do futebol, está a desaparecer. Restam o dinheiro e a tecnologia, como faz prever o nefasto vídeo-árbitro.

 

É neste contexto que o futuro dos maiores clubes portugueses está numa encruzilhada. Não têm poder suficiente para competirem com os grandes da Europa. E, sem os milhões da Liga dos Campeões, estarão condenados a uma sobrevivência forçada. A International Champions Cup, que se está a realizar por estes dias, ideia original do milionário Stephen Ross, é o ovo da nova serpente. Potencia aquilo que muitos querem: uma Superliga europeia liberta do poder da UEFA. Onde só participará quem tiver os bolsos cheios de euros para ter os melhores craques. Repare-se no pormenor: a ICC joga-se nos EUA, em Singapura e na China. Os intervenientes são cinco equipas inglesas, quatro italianas, duas francesas e duas alemãs. Portuguesas? Zero. A fronteira do poder económico estabelece o futebol deste futuro, onde não há espaço para a classe média.

 

Grande repórter

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