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Century 21 alerta para desajuste entre preços das casas e rendimentos dos portugueses

Apesar de a sua actividade estar a evoluir favoravelmente, a Century 21 mostra-se preocupada com a forma como os preços das casas nas principais cidades estão cada vez mais distantes dos rendimentos médios dos portugueses. Há um impacto notório: uma fuga para a periferia.

Inês Lourenço
11 de Agosto de 2017 às 00:30
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A Century 21 considera que os preços do imobiliário no centro das principais cidades portuguesas está desfasado do nível de rendimentos das famílias portuguesas, empurrando-as para a periferia.

"O poder de compra da maioria dos portugueses não suporta os actuais níveis de preços do mercado imobiliário das zonas centrais das maiores cidades nacionais", classifica o administrador Ricardo Sousa (na foto).

Para confirmar essa dinâmica, a agência imobiliária dá o exemplo da diferença entre os valores em média dos imóveis que estão na sua carteira e os valores que estão a ter procura nessas mesmas áreas.

 

Em Lisboa, há casas disponíveis, em média, pelos 395 mil euros. Contudo, os compradores estão à procura de imóveis pelos 184 mil euros.

 

No Porto, a oferta ronda os 235 mil euros mas a procura tende a não ultrapassar os 112 mil na hora de comprar.

 

A diferença é ainda mais notória em Cascais. Aqui, a média dos imóveis oferecidos pela carteira da Century 21 atinge os 419 mil. Por sua vez, a maioria da procura em Cascais está a rondar os 142 mil euros.


A agência imobiliária Century 21 fechou o primeiro semestre de 2017 com uma facturação de 14,9 milhões em Portugal, um aumento de 32%, tendo mediado negócios que totalizaram os 373 milhões de euros.


Foram registadas até Junho 3.561 operações de venda, mais 19%. Em sentido contrário, contraindo 9%, está o arrendamento, com 1.168 operações. Na venda, o valor médio caiu 11% para os 142 mil euros, predominando moradias T2 e T3. Já o valor da renda subiu 10% para os 680 euros.


O perfil típico do comprador aponta para alguém entre os 36 e os 45 anos, com um agregado familiar de duas pessoas. A maioria possui licenciatura e contratos efectivos de trabalho.


"É importante salientar que é nas zonas periféricas das cidades que se está a registar uma maior dinâmica de transacções imobiliárias. São zonas onde o acesso ao crédito à habitação tem uma maior influência no número de transacções e são os mercados onde o valor médio dos imóveis está mais ajustado ao rendimento disponível das famílias portuguesas", acrescenta Ricardo Sousa.


Para o segundo semestre de 2017 e 2018, a expectativa é de que o mercado continue a evoluir positivamente, apoiado no crédito à habitação, mas com uma evolução dos preços "mais moderada". O responsável recorda que começam a surgir projectos residenciais novos em zonas mais periféricas das cidades que "ainda não são suficientes".


"O mercado imobiliário necessita, também, de atrair grandes investidores que constituam carteiras de imóveis para arrendamento, com dimensão que lhes permita minimizar o risco, minorar o valor das rendas e assegurar a sua rentabilidade, através da criação de economias de escala, a nível nacional", defende Ricardo Sousa.


Outras das propostas passam por um trabalho conjunto com proprietários de terrenos e prédios devolutos no centro das cidades para fazer surgir novas casas e ainda a conversão de espaços, nessas zonas, que não estejam a ser utilizados actualmente e que não funcionem como habitação, por exemplo, escritórios.


No seu balanço semestral, a Century 21 faz também saber que os compradores estrangeiros pesaram 23% do seu total, protagonizando 986 transacções. França, Brasil, Reino Unido e Bélgica são os principais.


O perfil deste tipo de investidores aponta para uma idade entre os 40 e 60 anos, com famílias com duas a três pessoas. São licenciados e com contratos efectivos de trabalho. Os reformados só aparecem na terceira posição, depois dos contratos a tempo certo.


Os estrangeiros apostam sobretudo habitação até aos 200 mil euros, com dois quartos, em regiões de praia e zonas rurais. Considerando apenas Lisboa, Porto e Cascais, esse valor sobe aos 500 mil euros.

(Notícia corrigida às 15:15, na parte relativa à diferença de preços entre a oferta e a procura, para dar conta que os valores procurados para venda nas áreas referidas são, de uma forma geral, inferiores aos do produto disponível. Não está em causa uma diferença efectiva entre os preços dos activos que são colocados no mercado e o valor pelo qual são comprados.)

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