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Neymar será mais um troféu para proprietários do PSG

A iminente transferência recorde de Neymar para o clube de futebol francês Paris Saint-Germain é um marco para um clube determinado a conquistar os principais troféus da Europa. É também vista como uma declaração política do seu rico proprietário: o Qatar.

O rendimento anual de Neymar é estimado em 37,5 milhões de dólares, mais de 60% resultam de contratos publicitários.
Reuters
03 de Agosto de 2017 às 17:55
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O atacante brasileiro vai transferir-se do FC Barcelona, de Espanha, para o francês PSG depois de o clube de propriedade do Qatar ter concordado em pagar a sua cláusula de rescisão contratual, de 222 milhões de euros. O valor total do negócio, incluindo salários e prémios, pode chegar a quase 600 milhões de dólares, segundo a Sky News. Os representantes do PSG não estavam disponíveis para comentar.

Se concretizada, a transferência será apenas o último de uma série de acordos de grande destaque do Qatar desde Junho, quando uma aliança liderada pelos sauditas cortou laços com o país do Golfo depois de o ter acusado de patrocinar o terrorismo. Desde então, o maior exportador mundial de gás natural liquefeito fechou um acordo para a compra de caças F-15 dos EUA e de sete navios de guerra de Itália e ponderou adquirir uma participação na American Airlines. Mesmo que os preparativos para esses negócios sejam anteriores ao impasse, os analistas afirmam que o Qatar está determinado em mostrar que não foi afectado pela crise.

 

"O Qatar não se rendeu, está a partir para o contra-ataque - e a contratação de Neymar é parte disso", disse Simon Chadwick, professor de negócios desportivos da Universidade de Salford, no Reino Unido. "É uma ofensiva de charme, uma postura indirecta de poder - há algo de diplomacia internacional em tudo isso. A última coisa que a Arábia Saudita quer é que pessoas de todo o mundo falem sobre o Qatar", sobre os seus investimentos nos desportos e sobre Neymar, disse.

 

Duas décadas

 

A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Egipto cortaram ligações diplomáticas e de transporte com o Qatar a 5 de Junho, acusando o país de apoiar grupos extremistas em todo o Médio Oriente e de se aliar ao rival regional da Arábia Saudita, o Irão. O Qatar negou diversas vezes as acusações.

 

No cerne da disputa está o esforço de duas décadas do Qatar para desenvolver uma política externa em certos momentos divergente da dos seus vizinhos. O país apoiou a Irmandade Muçulmana no Egipto, o Hamas na Faixa de Gaza e facções armadas adversárias dos Emirados Árabes Unidos ou da Arábia Saudita na Líbia e na Síria. Em diversas ocasiões, a sua emissora de televisão, a Al Jazeera, incomodou ou irritou a maioria dos governos do Oriente Médio.

O Qatar também é conhecido por gastar dinheiro em activos-troféu, por exemplo na forma de participações em empresas internacionais como Glencore e Rosneft Oil e na aquisição de propriedades famosas de Londres, como o Shard. País desértico com poucas conquistas desportivas internacionais, o Qatar surpreendeu ao conquistar o direito de organizar o Campeonato do Mundo de futebol de 2022.

"O Qatar não usa ferramentas económicas para prejudicar os seus parceiros comerciais", afirmou o ministro das Finanças do Qatar, Ali Shareef Al Emadi, num editorial publicado pela Bloomberg na semana passada. "Também não utilizamos acordos comerciais para obter ganhos políticos."

 

A contratação de Neymar pode ser um tiro pela culatra para o Qatar, especialmente se os adeptos das outras equipas a considerarem prejudicial para os seus interesses - seja aumentando os preços dos bilhetes, seja diminuindo a competitividade das suas ligas, disse Marc Ganis, presidente da empresa de marketing Sportscorp. Mesmo do ponto de vista comercial, a operação foi exagerada, afirmou.

 

"A quantia a ser paga por Neymar é impressionante sob qualquer aspecto", disse Ganis por e-mail. "Qualquer aumento que possa ser gerado com a chegada de Neymar ao clube seria uma gota no oceano em relação ao valor que eles pagaram por um único jogador."

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