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AG do Sporting: Bruno de Carvalho destituído com 71% dos votos
Os votos já foram contados e de acordo com os resultados anunciados por Jaime Marta Soares no Altice Arena, os sócios votaram a favor da destituição de Bruno de Carvalho.
A votação deste sábado na assembleia geral extraordinária do Sporting ditou a destituição do conselho directivo do clube, que é liderado por Bruno de Carvalho, de acordo com os resultados oficiais anunciados por Marta Soares na AG.
Os sócios do Sporting deram hoje "luz verde" à distituição da direcção do Sporting. O sim venceu com 71,36% dos votos, tendo o não recolhido 28,64%.
Votaram 14.735 sócios na AG que fica para a história pois Bruno Carvalho foi o primeiro presidente a ser afastado desta forma em quase 112 anos de história do clube. Segundo o Record, no que respeita ao número de votantes, a diferença foi menor: 65-35.
O clube vai agora para eleições, já marcadas para 8 de Setembro, para todos os órgãos sociais do Sporting.
A AG foi convocada com o objectivo de decidir o afastamento ou a continuidade de Bruno de Carvalho, figura central de uma crise que se agudizou com a perda do segundo lugar na I Liga de futebol e a invasão de adeptos à Academia do Sporting, em Alcochete.
Segundo o Record, quando vários órgãos de comunicação anunciaram que a tendência de voto apontava para a destituição de Bruno de Carvalho, vários dezenas de apoiantes do atual presidente 'romperam' numa chuva de insultos e assobios a Jaime Marta Soares em plena contagem dos votos.
Segundo a SIC Notícias, Marta Soares foi atingido por uma garrafa quando se preparava para anunciar os resultados. Fonte oficial do Sporting explicou que foi efectivamente lançada uma garrafa de água na direção de Jaime Marta Soares, mas a mesma não atingiu o presidente da Mesa da Assembleia Geral
Já depois da saída dos apoiantes de Bruno de Carvalho, registou-se uma tentativa de agressão por parte de alguns adeptos a vários jornalistas e repórteres de imagem presentes. A pronta acção da polícia acabou por travar qualquer incidente de maior gravidade.
Bruno de Carvalho prometeu aceitar resultados se AG fosse fidedigna
Bruno de Carvalho, que em Fevereiro viu uma larga maioria de sócios legitimar o seu mandato - aprovando alterações aos estatutos e ao regulamento disciplinar, e a continuidade dos órgãos sociais - foi o primeiro presidente a enfrentar a possibilidade ser afastado em quase 112 anos de história do clube.
Eleito em 2013 e reconduzido em 2017, Bruno de Carvalho considerou, desde o início, que a AG é ilegal, e garantiu, mais tarde, que não marcaria presença no plenário que decorreu na Altice Arena, em Lisboa. O que acabou por contrariar ao aparcer perto do final. Não conseguiu falar mas foi permitido que votasse.
Na sexta-feria o presidente ‘leonino’ afirmou que se afastaria do cargo se a sua destituição for votada de forma fidedigna.
A AG foi convocada por Jaime Marta Soares em 24 de Maio, numa altura em que presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) já tinha dito publicamente que se demitira, embora nunca tenha formalizado o pedido.
O caminho até à AG
Crispação começa em Abril
A crispação no interior do Sporting começou a acentuar-se a 5 de Abril, após a derrota do Sporting no terreno do Atlético Madrid. Bruno de Carvalho recorreu às redes sociais para criticar vários jogadores. No dia seguinte, a maioria dos jogadores reagiu de forma negativa às críticas do presidente. Bruno de Carvalho ameaçou suspender os jogadores, mas acabaria por recuar. A derrota com o Marítimo na derradeira jornada, a 13 de Maio, que deixou o Sporting de fora da Liga dos Campeões, levando a novas críticas do presidente aos jogadores. A 15 de Maio registou-se o episódio mais negro da crise sportinguista quando um grupo de adeptos encapuzados invadiu a Academia, em Alcochete, e agrediu jogadores, treinadores e elementos do staff. As declarações de Bruno de Carvalho, demarcando-se dos incidentes mas deixando no ar a ideia de que os jogadores teriam provocado a ira dos adeptos, deixavam adivinhar uma ruptura. Após os acontecimentos em Alcochete, a contestação a Bruno de Carvalho aumentou, com Jaime Marta Soares a apelar para que se demitisse e a convocar uma assembleia-geral destitutiva do clube para 23 de Junho. Pelo meio, Álvaro Sobrinho, da Holdimo, o segundo maior accionista da SAD, exigiu a saída de Bruno de Carvalho também da sociedade desportiva. Tal como o banqueiro José Maria Ricciardi e outras figuras conhecidas do universo sportinguista.
Rescisões em série
A 1 de Junho começou um novo capítulo na crise do Sporting com a primeira rescisão unilateral de um jogador. Rui Patrício entregou a sua carta de rescisão invocando temer pela sua vida. Ainda nesse dia, Daniel Podence imitou o guarda-redes internacional. A 6 de Junho, o treinador Jorge Jesus e a SAD rescindiram por mútuo acordo. A 11 de Junho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, William Carvalho e Bas Dost rescindiram. Três dias mais tarde foi a vez de Rúben Ribeiro, Rafael Leão e Battaglia apresentarem as respectivas cartas de rescisão, elevando para nove o total de saídas de Alvalade. Até agora, apenas Rui Patrício já assinou por outro clube.
"Overdose" mediática
Desde o final da I Liga, a 13 de Maio, até 18 de Junho, que a presença do Sporting e de Bruno de Carvalho na comunicação social tem sido avassaladora. Segundo dados da Cision, fornecedora de software e serviços para profissionais de comunicação, a que o Negócios teve acesso, o tempo de antena em TV e rádio dedicado ao Sporting ascendeu a 911 horas, com um total de mais de 29 mil notícias. No mesmo período, Bruno de Carvalho foi tema de mais de 17 mil notícias e de 212 horas na TV e rádio. O Benfica foi alvo de perto de 12 mil notícias e de 403 horas, enquanto o FC Porto, que se sagrou campeão, foi tema de 9.727 notícias e de 321 horas.