Notícia
Polónia aplica nova multa de 13,2 milhões à Jerónimo Martins
O grupo que detém o Pingo Doce está a ser acusado de “induzir os consumidores em erro quanto ao país de origem dos legumes e frutas”. O regulador polaco detetou “falsas declarações” em 28% das lojas da Biedronka.
A Jerónimo Martins foi multada em 60 milhões de zlotys (13,2 milhões de euros) na Polónia, onde conta com a rede de supermercados Biedronka, por alegadamente "induzir os consumidores em erro quanto ao país de origem dos legumes e frutas, o que pode ter distorcido as suas decisões de compra".
Segundo a acusação, divulgada esta segunda-feira, 26 de abril, o grupo de origem portuguesa não cumpriu a "obrigação básica" de fornecer "informação confiável sobre os produtos oferecidos" e "os consumidores que pretendiam comprar batatas, tomates ou maçãs polacos eram frequentemente induzidos em erro" nas lojas da Biedronka.
A Autoridade da Concorrência e Defesa do Consumidor (UOKiK) descreve ainda que a investigação revelou que, em muitos casos, as informações nos rótulos eram diferentes das que constavam na embalagem coletiva ou nos documentos de entrega e assinala que "essas violações foram sistemáticas e duradouras".
Prezes UOKiK Tomasz Chróstny nalozyl ponad 60 mln zl kary na spólke Jeronimo Martins Polska. Wlasciciel sieci #Biedronka wprowadzal konsumentów w blad co do kraju pochodzenia warzyw i owoców, co moglo znieksztalcic ich decyzje zakupowe. Czytaj wiecej: https://t.co/WXemVHjkiF pic.twitter.com/aD5RL6lvCK
— UOKiK (@UOKiKgovPL) April 26, 2021
O regulador polaco da concorrência iniciou esta investigação em maio de 2020 e analisou um total de 263 estabelecimentos da marca espalhadas pelo país. Em 28% verificou que havia frutas e legumes rotulados de forma incorreta com o país de origem, sendo que esse tipo de irregularidades atingiu mais de 20% dos lotes inspecionados.
Em reação, a Jerónimo Martins queixa-se de discriminação na Polónia e diz que vai recorrer da decisão. O grupo português diz ter "sérias reservas quanto à imparcialidade" da autoridade da concorrência polaca, que acusa também de ser "tendenciosa" nesta recolha de provas.
"Os consumidores estão cada vez mais atentos ao país de origem dos produtos. Muitas pessoas são movidas pelo patriotismo económico nas suas escolhas porque querem apoiar os produtores polacos. Para outros, o transporte de alimentos é importante, o que pode afetar a quantidade de pesticidas usados ou a pegada de carbono que é prejudicial ao meio ambiente durante o transporte", sublinha Tomasz Chróstny, presidente da UOKiK.
Citado numa nota de imprensa, Tomasz Chróstny acrescenta ainda que "informações verdadeiras e confiáveis sobre o país de origem dos vegetais e frutas são essenciais para tomar uma decisão de compra informada" e critica que "nas lojas Biedronka, os consumidores foram frequentemente expostos a falsas declarações nesta matéria, o que é uma prática desleal de mercado".
A rede de supermercados Biedronka fechou o ano passado com uma subida de 6,7% das vendas, para 13,4 mil milhões de euros. Por outro lado, as vendas da cadeia de lojas de saúde e beleza Hebe recuaram 5,4% em 2020, para 245 milhões de euros.
Em menos de um ano, esta é já a terceira multa aplicada pelo regulador da concorrência polaco à Jerónimo Martins Polska. Em agosto avançou com outra multa de 26 milhões de euros por praticar preços diferentes dos expostos nas prateleiras e em dezembro foi multada em 163 milhões por impor descontos de forma arbitrária aos fornecedores. O grupo português recorreu de ambas as decisões.