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Jerónimo Martins queixa-se de discriminação na Polónia
Após nova multa milionária, por causa da origem das frutas e legumes, o grupo português diz ter “sérias reservas quanto à imparcialidade” da autoridade da concorrência polaca, que acusa de “tendenciosa” na recolha de provas.
A Jerónimo Martins discorda "veementemente" da decisão da Autoridade da Concorrência e Defesa do Consumidor (UOKiK) da Polónia, que multou a retalhista em 13,2 milhões de euros, dizendo mesmo que "os alegados indícios foram recolhidos de forma tendenciosa" e que "a qualidade e integridade do processo levantam sérias reservas quanto à sua imparcialidade".
Fonte oficial do grupo de retalho português refere ao Negócios que a subsidiária que detém a cadeia de supermercados Biedronka vai recorrer desta decisão, que acredita ser "desproporcional e discriminatória, dado o número muito reduzido de alegados erros encontrados na rotulagem de fruta e vegetais quanto à sua origem".
"O número de irregularidades na informação aos clientes da Biedronka no que diz respeito ao país de origem da fruta e vegetais foi sempre, até de acordo com o próprio UOKiK, um dos mais baixos do mercado polaco. Este facto reforça o carácter discriminatório da decisão, uma vez que a Biedronka é a única empresa no mercado polaco visada com uma ação judicial nesta matéria", acrescenta.
Segundo a acusação, divulgada esta segunda-feira, 26 de abril, a empresa não cumpriu a "obrigação básica" de fornecer "informação confiável sobre os produtos oferecidos" e "os consumidores que pretendiam comprar batatas, tomates ou maçãs polacos eram frequentemente induzidos em erro" nas lojas da Biedronka. O UOKiK assinalou ainda que "essas violações foram sistemáticas e duradouras".
A mesma fonte oficial da JM refere que "apesar de a Biedronka ter mantido sempre uma atitude colaborativa em todo o processo de investigação, o UOKiK quebrou de forma repentina e inesperada o diálogo", pelo que "a companhia irá recorrer da decisão junto dos tribunais e tomar todas as demais medidas judiciais adequadas à defesa dos seus direitos".
Em menos de um ano, esta é já a terceira multa aplicada pelo regulador da concorrência polaco à Jerónimo Martins Polska. Em agosto avançou com outra multa de 26 milhões de euros por praticar preços diferentes dos expostos nas prateleiras e em dezembro foi multada em 163 milhões por impor descontos de forma arbitrária aos fornecedores. O grupo português recorreu também destas decisões.
A rede de supermercados Biedronka fechou o ano passado com uma subida de 6,7% das vendas, para 13,4 mil milhões de euros. Por outro lado, as vendas da cadeia de lojas de saúde e beleza Hebe recuaram 5,4% em 2020, para 245 milhões de euros.