Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Oliver Wyman preparou resolução e assessorou venda do Banif ao mesmo tempo

A consultora Oliver Wyman trabalhou com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças em relação à recapitalização, venda e resolução do Banif. O sócio, Pinto Ribeiro, recusa qualquer conflito de interesses.  

Correio da Manhã
  • 1
  • ...

A consultora Oliver Wyman trabalhou em torno do Banif desde Maio de 2012. A preparação de um cenário de resolução vem desde aí. Da mesma forma que remonta a esse tempo o aconselhamento ao Ministério das Finanças, em relação à recapitalização do banco.

 

"Em nenhum momento houve alusão a qualquer tipo de conflito de interesses", respondeu Rodrigo Pinto Ribeiro, sócio da consultora, na audição desta terça-feira, 3 de Maio, na comissão parlamentar de inquérito ao Banif. O sócio da Oliver Wyman acrescenta que tanto o regulador como o Governo sabiam qual o trabalho que estava a ser por si desenvolvido com a outra entidade. Uma afirmação que vai contra a crítica deixada, no Parlamento, por Jorge Tomé, antigo presidente do banco que colocou em causa um conflito de interesses da Oliver Wyman.

 

Na sua intervenção inicial, o sócio da consultora explicou que desde Maio de 2012 que teve trabalho em torno do Banif, ora contratado pelo Ministério das Finanças, ora sob o comando do Banco de Portugal. "Entre Maio de 2012 e meados de Dezembro de 2015, a par de outros assessores, prestámos serviços de aconselhamento no âmbito do processo de recapitalização dos bancos portugueses que viriam a receber injecções de capital público: a Caixa Geral de Depósitos, o Millennium BCP, o BPI e o Banif".

 

Neste período, e para as Finanças, a Oliver Wyman recebia os planos apresentados pelos vários bancos de forma a antecipar o que seria defendido pela Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, que tinha de aprovar tais planos.

 

Já em relação ao Banco de Portugal, a contratação da consultora foi feita em vários momentos. Em Setembro e Outubro de 2012, "a Oliver Wyman apoiou o Banco de Portugal na avaliação e planeamento de um cenário de contingência para o Banif, para o caso de a recapitalização pública não ocorrer". Em Janeiro de 2013, o banco fundado por Horácio Roque recebeu uma injecção de 1,1 mil milhões de euros estatais.

 

"Em Agosto e Setembro de 2013, avaliámos, tendo em conta um conjunto de critérios, diferentes cenários de intervenção e resolução para o Banif, nomeadamente a nacionalização, a resolução com venda de activos e passivos, a constituição de um banco de transição e a liquidação", explicou Pinto Ribeiro na audição parlamentar.

 

Três meses entre venda e resolução

 

Por fim, "entre Outubro e Dezembro de 2015, a Oliver Wyman foi contratada pelo Banco de Portugal". Uma contratação que custou 1,8 milhões de euros, segundo publicação no portal Base.

 

E, neste período, houve três fases: "Em primeiro lugar, para apoiar o Banco de Portugal a conduzir uma avaliação preliminar dos activos do Banif, que permitisse ao Banco de Portugal estimar o custo de diferentes ‘cenários de contingência’ que o Banco de Portugal tinha definido".

 

O trabalho não se ficou por aqui já que, em segundo lugar, a Oliver Wyman monitorizava o processo de venda privada em curso do Banif. Por fim, com o falhanço da venda, a consultora tinha de "apoiar o Banco de Portugal na execução" da resolução da instituição financeira.

 

Sem resposta sobre Santander

 

A 20 de Dezembro de 2015, o Banco de Portugal aplicou uma medida de resolução ao Banif com venda ao Santander Totta por 150 milhões de euros.

 

Em relação ao Santander, e em resposta a perguntas do deputado social-democrata Pedro do Ó Ramos, o sócio da Oliver Wyman garantiu que a entidade que lidera "nunca assessorou o Santander nem o Popular nem qualquer outro investidor" em relação ao Banif. Questionado novamente pelo deputado, Pinto Ribeiro garantiu que nunca trabalhou com o Santander em "matéria relacionada com o Banif".

 

Sobre se trabalhou com o Santander Totta, em Portugal, ou o Santander, em Espanha, em relação a outros temas, o responsável da consultora não quis esclarecer, dizendo que não se insere no objecto da comissão de inquérito.

Ver comentários
Saber mais Oliver Wyman Banif Banco de Portugal Governo Parlamento Jorge Tomé Santander serviços financeiros banca economia negócios e finanças banif
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio