Pedro Mosqueira do Amaral reduziu a sua participação no capital social do Banco Espírito Santo no início do ano. Fê-lo depois de anos em que "sofreu" com as quedas das acções. Aproveitou a recuperação das cotações. E recusa ter sido na sequência de problemas do grupo.

"A venda das minhas acções, que adquiri com o meu próprio dinheiro, foi porque chegou a um preço onde não queria perder dinheiro", disse aos deputados esta quarta-feira na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.

Em Fevereiro de 2014, Mosqueira do Amaral vendeu 92.500 acções do BES, ficando apenas com 50.000 títulos. Antes disso, já havia reduzido a sua posição em outras 50.000 acções, tendo em conta que terminou 2013 com 192.500 acções, de acordo com os comunicados publicados no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A participação com que acabou o ano passado era bastante superior às 70 mil acções que tinha no final de 2010. Mosqueira do Amaral, administrador não executivo, foi reforçando a sua posição no BES mas, depois, com a queda das acções, quis vender.

"Foram três anos a sofrer com a movimentação das acções. Tiveram muito lá em baixo. As acções, graças a Deus, começaram a subir, quase aos níveis onde eu as comprei". Foi essa recuperação que o levou a vender grande parte dos títulos. "Estou sempre a agir em mercado", adiantou, dizendo que acompanha a evolução das cotações. Mosqueira do Amaral, que era administrador de sociedades do GES como a ES International, negou qualquer ideia de que tenha vendido os títulos devido às informações que tinha. Desde o final de 2013 que sabia que a ESI tinha passivo escondido. 

Apesar da subida das acções no arranque de 2014, as acções foram caindo e, em Julho passado, resvalaram na sequência das dúvidas levantadas pelas contas do BES. Os títulos estão suspensos de negociação a 12 cêntimos. Os accionistas acabaram por perder com a resolução aplicada ao BES, já que passaram a accionistas do BES SA, o banco mau que herdou os activos e passivos tóxicos do BES.