João Moreira Rato começou a aparecer nas notícias quando passou a presidente do IGCP entre 2012 e 2014. Nesse ano, chegou ao Banco Espírito Santo e, depois, Novo Banco. Para trás, tem um passado que envolve Morgan Stanley e Lehman Brothers. E a Nau Capital, gestora de fundos do Grupo Banco Espírito Santo.

Em 2008, estava no Lehman Brothers. Nessa altura, foi convidado pela ESAF, gestora de activos do BES, para abrir uma gestora de activos em Londres, chamada Nau Capital, que geriu um fundo, também denominado Nau Capital. A ESAF tinha 97% do fundo. Moreira Rato era sócio.

"O fundo deveria atrair investidores institucionais e internacionais", relatou Moreira Rato ao deputado comunista Miguel Tiago. "O fundo nunca chegou a ter uma performance muito positiva entre 2008 e 2010. Dado que não seria possível ir buscar investidores, saí. Tomei a decisão de sair em 2010", explicou.

Moreira Rato saiu em 2010. Dois anos depois, a Nau Capital foi vendida à Eurofin, sociedade que está ligada a várias operações do BES, conforme já noticiou o Wall Street Journal. Mas antes dessa venda, a Eurofin já estava ligada tanto ao BES como à Nau Capital. 

"Havia dois administradores não executivos indicados pelo Grupo BES – ESAF – que faziam parte da Eurofin para o fundo", disse, desta vez à deputada bloquista Mariana Mortágua. Alexandre Cadosch, actual presidente da Eurofin, é um deles. E começa, assim, um conjunto de perguntas sem respostas na comissão parlamentar de inquérito.

As perguntas e respostas sem resposta

"Sabia o que era a Eurofin? "Sabia que era uma sociedade gestora de fundos suíça e que a ESAF, como membro do BES, me tinha recomendado os dois como administradores não executivos - não a mim mas à Nau Capital – para o seu fundo".  

"Sabia o que era a Eurofin e que tinha relações com o BES?". "Sabia que era uma sociedade gestora de fundos suíça".

"Com relações com o BES?" "Sabia que era uma sociedade gestora de fundos suíça".

"Podemos ficar aqui a tarde toda", continuou Mariana Mortágua. "A essa data, sabia que a Eurofin tinha outro tipo de relações com o Grupo Espírito Santo?", perguntou, pedindo uma reposta de sim ou não.

"Agradeço-lhe dar-me essa possibilidade. Estes dois administradores não executivos do fundo foram recomendados pela ESAF. Era esse o conhecimento que eu tinha da relação entre os dois", disse João Moreira Rato.

"Não vou insistir, não vale a pena, não que viesse mal ao mundo se respondesse a esta questão", concluiu Mariana Mortágua.