Notícia
Jerónimo Martins vive pior dia em bolsa. Perde 2.000 milhões em valor
Num só dia, o valor em bolsa da dona do Pingo Doce sofreu um rombo de mais de dois mil milhões de euros. Em mais de 31 anos em bolsa, nunca a empresa liderada por Pedro Soares dos Santos tinha registado uma queda diária desta dimensão.
Exatamente um ano após ter visto as suas ações tocarem um máximo histórico, atingindo os 27,1 euros, a Jerónimo Martins sofreu ontem o maior tombo diário desde a sua entrada em bolsa, em fevereiro de 1993.
Os títulos da dona do Pingo Doce afundaram de forma inédita e fecharam a perder 16,58%, valendo 16,3 euros. Mais do que os resultados semestrais abaixo do esperado apresentados na véspera, já após o fecho da negociação, terá sido a indicação dada pelo seu presidente executivo, Pedro Soares dos Santos, de que o resto do ano deverá manter-se com uma forte pressão sobre as margens que alimentou a venda em massa dos títulos da empresa pelos investidores.
Contas feitas, a capitalização bolsista da Jerónimo Martins encolheu em 2.038,9 milhões de euros num só dia.
No rescaldo dos resultados, foram ainda várias as casas de investimento a rever em baixa o preço-alvo para as ações da retalhista. A Jefferies abateu 3 euros ao “target”, colocando-o em 17,5 euros, tendo o Barclays efetuado um corte idêntico, mas para 22 euros. A JB Capital retirou 1,3 euros ao preço-alvo, fixando-o em 24,8 euros.
A Jerónimo Martins reportou na quarta-feira lucros semestrais de 253 milhões de euros, uma quebra de 29,1% face à primeira metade de 2023. As receitas até cresceram 12,3%, alcançando os 16,3 mil milhões de euros, mas a margem deteriorou-se de 6,9% para 6,4%.
Na divulgação dos números dos primeiros seis meses do ano, Pedro Soares dos Santos apontou em comunicado que “tal como antecipámos, o ano de 2024 tem sido marcado, após um ciclo inflacionário, pelos duros efeitos da combinação de uma acentuada trajetória de correção dos preços alimentares com a subida significativa dos custos”.
E para a segunda metade do ano não são esperados alívios, prevendo o CEO que “o contexto de deflação alimentar e elevada inflação de custos se mantenha”.
E na Polónia, que pesa mais de 70% nas vendas, “ tem-se registado um desempenho negativo dos volumes no mercado de retalho alimentar”, alertou a empresa.