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Lucro da Jerónimo Martins cai 29% num momento de “forte pressão”

O CEO do grupo, Pedro Soares dos Santos, antevê que a deflação alimentar e a “elevada inflação de custos” se mantenham no segundo semestre do ano. As vendas do Pingo Doce e do Recheio subiram face ao período homólogo.

A Jerónimo Martins, liderada por Pedro Soares dos Santos, aumentou a faturação em 12,3%, para 16,3 mil milhões de euros.
A Jerónimo Martins, liderada por Pedro Soares dos Santos, aumentou a faturação em 12,3%, para 16,3 mil milhões de euros. Miguel Baltazar
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O contexto é “muito exigente” e feito de “forte pressão”, pelo que os resultados da Jerónimo Martins neste primeiro semestre do ano acabaram por ceder. Os lucros não mostram o brilho do passado, caindo 29,1%, para os 253 milhões de euros, de acordo com o comunicado enviado à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) ao final desta quarta-feira. Um valor que já incorpora a dotação inicial de 40 milhões de euros da Fundação Jerónimo Martins, criada em março deste ano.

“Tal como antecipámos, o ano de 2024 tem sido marcado, após um ciclo inflacionário, pelos duros efeitos da combinação de uma acentuada trajetória de correção dos preços alimentares com a subida significativa dos custos”, referiu Pedro Soares dos Santos, CEO do grupo, citado pelo comunicado.

Parte do problema já era esperado. “Sabíamos que, agravada pelo ambiente de consumo contido, a competição pelos volumes seria muito forte e mantivemos o foco estratégico na competitividade, investindo fortemente em preço sem descurar a qualidade global das propostas de valor”, defende o gestor, garantindo que “a consistência deste foco permitiu, em circunstâncias particularmente difíceis, que todas as insígnias reforçassem as suas posições de mercado”.

E para a segunda metade do ano não são esperados alívios, prevendo o CEO que “o contexto de deflação alimentar e elevada inflação de custos se mantenha”.

Face à “incerteza” e aos “múltiplos focos de pressão simultâneos”, Pedro Soares dos Santos promete continuar a dar prioridade ao crescimento das vendas em volume. São “fatores críticos” para preservar a competitividade do grupo, ganhar clientes e expandir quotas de mercado, assinala o gestor.

Vendas sobem em Portugal

O Pingo Doce teve vendas de 2,4 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 5,9% face ao mesmo período do ano passado, enquanto o “like for like” (sem contar novas aberturas de lojas) aumentou 6,1%.

O grupo sublinha que “a insígnia operou com deflação no cabaz, sendo notório o contributo do forte aumento de volumes” nos primeiros seis meses do ano.

Já relativamente aos últimos três meses, a empresa sinaliza a incorporação de “um efeito negativo de calendário relativo à ausência de Páscoa no período”, levando a que as vendas tenham crescido 3,7% (no “like for like” +3,1%).

Nestes primeiros seis meses, o Pingo Doce inaugurou quatro lojas (tendo fechado o semestre com mais três do que há um ano) e remodelou outras 41.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) desta marca ficou em 132 milhões de euros, mais 2,4%, tendo a respetiva margem ficado em 5,5%, uma queda de 0,2 pontos percentuais face ao primeiro semestre de 2023. “O investimento em preço e a inflação registada nos custos pressionaram a margem EBITDA no período”, justifica a Jerónimo Martins.

Quanto ao Recheio, teve uma faturação de 645 milhões de euros, mais 2,1% do que um ano antes. E um EBITDA de 30 milhões de euros (-6,8%). Aqui, a margem fixou-se em 4,6% (redução face aos 5,1% do primeiro semestre de 2023).

“O desempenho do canal HoReCa [que abrange Hotelaria, Restauração e Cafetaria] tem refletido o impacto negativo da fragilidade do consumo interno no ‘out-of-home’”, pode ler-se no comunicado. “Ainda assim, e apesar dos bons resultados registados nos anos anteriores, o Recheio, nos primeiros seis meses do ano, voltou a crescer o número de clientes em todos os segmentos da operação, tendo também aumentado as parcerias na rede de lojas Amanhecer, que, no final de junho, contava com 651 estabelecimentos”, acrescenta a empresa.

Ainda sobre Portugal, o grupo sublinha que a inflação alimentar foi de 1,7% neste último semestre e de 2,2% no segundo trimestre, com os consumidores a manterem “um comportamento conservador, valorizando as oportunidades promocionais”.

“Persistem sinais de pressão sobre as famílias relacionados com taxas de juro e impostos elevados, esperando-se, por isso, que o consumo se mantenha pouco dinâmico ao longo do resto do ano”, afirma o grupo.

Mais lojas da Biedronka

Na Polónia, onde a Jerónimo Martins tem, de longe, a sua maior operação, o comunicado do grupo deixa claros os desafios da Biedronka. “Apesar da substancial subida do salário mínimo no país, tem-se registado um desempenho negativo dos volumes no mercado de retalho alimentar”, nota a empresa, referindo “um contexto concorrencial mais intenso que nunca”.

Ainda assim, houve “um sólido aumento dos volumes”, considera a empresa, que promete continuar a “reforçar a sua presença no mercado”. Estão previstas mais 130 a 150 localizações no país este ano.

No primeiro semestre, a Biedronka vendeu mais 4,5% em moeda local (com “like to like” de -0,2%), embora em euros tenha sido registado um acréscimo de 11,9%, para 11,5 mil milhões.

No conjunto do grupo, além da quebra de 29,1% nos lucros, a empresa deu conta de um crescimento das vendas em 12,3%, para 16,3 mil milhões de euros (+5,5% a taxas de câmbio constantes).

 

[É expectável que no segundo semestre] o contexto de deflação e elevada inflação de custos se mantenha. Pedro Soares dos Santos
CEO da Jerónimo Martins

 

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