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Moratórias privadas na habitação recuaram mais de 2 mil milhões desde o pico

O governador do Banco de Portugal, que está a ser ouvido no Parlamento, afastou ainda um prolongamento "indiscriminado" da moratória do Estado, já que isto podia ter "efeito ricochete" na banca. 

Sérgio Lemos
30 de Março de 2021 às 16:32
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As moratórias privadas para o crédito da casa recuaram mais de dois mil milhões de euros desde o pico, registado em junho do ano passado, até fevereiro deste ano. Os dados foram revelados por Mário Centeno, no Parlamento. Esta medida termina esta quarta-feira, mas a do Estado continua até setembro. E o governador do Banco de Portugal afasta um prolongamento "indiscriminado", que podia ter "efeito ricochete" na banca. 

"As moratórias privadas (...) têm vindo a perder importância no contexto das moratórias em Portugal", começou por dizer Mário Centeno aos deputados da comissão de Orçamento e Finanças, esta terça-feira, 30 de março. 

"Em relação às moratórias privadas para habitação, desde o ponto mais alto que se deu em junho até ao mês de fevereiro, temos uma redução dessas moratórias de 42%, menos 2.375 milhões de euros", referiu o governador. 

"Pode haver um fenómeno de transferência das moratórias privadas para a pública, mas há claramente uma redução - e é uma redução muito forte - do peso e importância destas moratórias" da Associação Portuguesa de Bancos (APB), disse, notando que o mesmo está a acontecer nas moratórias não hipotecárias. "Há uma redução muito forte do volume".

De acordo com os últimos dados revelados pelo regulador, havia 45,7 mil milhões de créditos em moratória até ao final de janeiro. Cerca de 24 mil milhões correspondem a empresas, enquanto 20 mil milhões a particulares.

O Banco de Portugal disse ainda que "o montante de empréstimos à habitação sob moratória privada era de 3,7 mil milhões de euros". Ou seja, este é o valor que vai expirar esta quarta-feira. Os dados mais atualizados, referentes ao final de fevereiro, vão ser conhecidos amanhã. 

BdP rejeita prolongamento "indiscriminado" 
Sobre o prolongamento da moratória pública, que termina, na sua maioria, em setembro, Mário Centeno diz que "estender indiscriminadamente sem o enquadramento da EBA teria um efeito ricochete na atividade bancária e dos clientes muito significativo". 

De acordo com o responsável, "devemos apostar no trabalho que a banca tem de fazer com os seus clientes", notando que "não podemos tirar um único apoio de forma precoce, mas devemos ir adaptando os apoios à evolução da crise pandémica".

O governador do Banco de Portugal está a ser ouvido no Parlamento sobre as moratórias no crédito, no âmbito de um requerimento do Bloco de Esquerda aprovado por unanimidade no início de março. 

No requerimento, o Bloco disse ser necessário discutir os diferentes aspetos das moratórias, mas, em particular, "garantir a proteção de todas as pessoas para quem a moratória termina em março". O partido quer ainda perceber concretamente quantas famílias "enfrentam já a aflição do fim das moratórias da APB". 

A moratória para crédito hipotecário da APB termina esta quarta-feira, enquanto a do consumo vai até ao final de junho. Já a solução do Estado expira no fim de setembro. 

Será votado esta quarta-feira um projeto de lei do PCP para se estabelecer a prorrogação e alargamento das moratórias bancárias.

(Notícia atualizada).

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