Antigo ministro das Finanças e ex-líder da Caixa Geral de Depósitos, João Salgueiro acredita que tem de haver limites no que resultar da capitalização do banco público.

"É bom que os negociadores portugueses tenham linhas vermelhas do que não podem aceitar", declarou João Salgueiro na conferência organizada pelo grupo em que participa e que pede uma reconfiguração da banca nacional reflectida e que mantenham centros de decisão em Portugal.

João Salgueiro não tem dúvidas que a Comissão Europeia, na análise aos auxílios do Estado resultantes da injecção de 4 ou 5 mil milhões de euros no banco (o número ainda não foi fechado pelo Governo), "vai haver condicionalidades". "Quais são os negócios que vão ser feitos à base dessa condicionalidade", indiciou João Salgueiro no colóquio realizado esta quarta-feira, 29 de Junho, na Câmara do Comércio em Lisboa.

Numa conferência na semana passada, em que se recusou a dizer qual o valor da capitalização, Mário Centeno revelou que o negócio da Caixa em Espanha poderá ser um dos alvos de cortes no âmbito dessa operação.  

João Salgueiro assinala que o problema da Caixa Geral de Depósitos "tem de ser resolvido com eficácia e clareza", indo ao encontro do que foi defendido por Manuel Sebastião, antigo administrador do Banco de Portugal: "Quando há um problema, [o esforço para solucioná-lo] tem de ser bem pensado, tem de atacar o problema globalmente. Não podemos resolver problemas complicados com remédios".