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Defensores da "reconfiguração da banca" não querem venda apressada do Novo Banco

No dia em que chega ao fim o prazo para a entrega de propostas de compra do Novo Banco, a comissão para a reconfiguração da banca defende que se espera para valorizar a instituição.

30 de Junho de 2016 às 14:00
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Sem alienação do Novo Banco à pressa. Tempo para recuperar valor. Sem intervenção da Europa nos novos donos do banco. Estes são três pontos de defesa dos promotores do manifesto que pede uma reconfiguração da banca portuguesa para a solução da instituição financeira herdeira do Banco Espírito Santo.

 

Uma venda apressada do Novo Banco "implicaria necessariamente um valor baixo e um prejuízo significativo para os contribuintes e sistema bancário nacional, sem que outras hipóteses de solução tivessem sido devidamente consideradas", indica a comissão, de que o ex-ministro das Finanças João Salgueiro (na foto) é um dos principais promotores, como uma das concluídas retiradas do colóquio que se realizou na quarta-feira, 29 de Junho, em Lisboa.

 

Esta quinta-feira, 30, chega ao final o período para a entrega de propostas para a compra do Novo Banco na venda a investidores estratégicos. Há seis entidades na corrida: BPI, BCP, Santander, Apollo e ainda os gestores de fundos Lone Star e Centerbridge.

 

"Os bancos portugueses, tal como sucedeu na grande maioria dos bancos europeus, necessitam de tempo para se recapitalizar e valorizar", indicam ainda as conclusões retiradas pela comissão promotora da "Reconfiguração da Banca em Portugal", herdeiro do inicialmente chamado manifesto contra a espanholização da banca.

 

O Banco de Portugal tem um plano B para o caso de o plano inicial (que também ele já não está intacto porque a venda em bolsa ficou em suspenso – com o argumento do Brexit – ficando apenas em vigor a alienação a investidores estratégicos). Esse plano é retomar a venda em bolsa, sim, mas apenas após o Verão.

 

E não é apenas o Novo Banco mas também a Caixa Geral e o BCP que levantam preocupações aos promotores da reflexão sobre a composição accionista da banca: "Estes bancos, sendo essenciais ao financiamento da economia portuguesa, não podem ficar expostos à lógica pura do actual método de resolução bancária, nem as suas estruturas accionistas serem definidas pelas autoridades comunitárias".

 

Sobre a Caixa Geral de Depósitos, na conferência de ontem, João Salgueiro disse que eram necessárias "linhas vermelhas" na negociação da capitalização do banco público com a Comissão Europeia. "Compete às entidades nacionais, nomeadamente ao Governo Português, a escolha do sistema accionista mais apropriado para a banca nacional.  As entidades nacionais deverão defender junto da Comissão Europeia e do BCE a necessidade de ser alcançado um sistema bancário diversificado, nomeadamente em termos das origens do capital, como forma de se acautelar, a médio e longo  prazo, o financiamento desejável às empresas portuguesas".

 

No comunicado emitido esta quarta-feira, os promotores da comissão (que envolve Miguel Beleza, Bagão Félix e Rui Rio) também criticam o novo modelo de resolução bancária – tal foi tema na conferência.

 

No colóquio, em que intervieram também o banqueiro Mira Amaral e Manuel Sebastião (que citou Camões para falar do tema), estiveram cerca de 30 participantes, entre os quais o antigo presidente do Banif, Jorge Tomé. Aliás, uma das preocupações da comissão é que um caso como a resolução do banco fundado por Horácio Roque, "em que o banco foi perdendo valor e se penalizaram os contribuintes portugueses e restantes bancos no sistema", não se volte a repetir. 

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