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Isabel dos Santos: decisão do BPI é irresponsável
Isabel dos Santos considera que a marcação de uma assembleia-geral do banco para analisar a desblindagem de estatutos é uma decisão hostil e irresponsável. A empresária defende operações de consolidação.
Isabel dos Santos considera uma irresponsabilidade a decisão do conselho de administração do BPI de convocar uma assembleia-geral (AG) de accionistas para analisar e votar a desblindagem de estatutos do banco. Esta deliberação foi comunicada pelo BPI à CMVM esta quinta-feira, 5 de Fevereiro, depois do fecho do mercado.
O Negócios contactou Mário Leite Silva, representante de Isabel dos Santos no conselho de administração do BPI, para obter uma reacção a esta decisão, mas o gestor escusou-se a fazer comentários.
Apesar deste silêncio, o Negócios apurou que a empresária angolana, que detém 18,6% do BPI através da Santoro, irá inviabilizar a desblindagem de estatutos nas actuais circunstâncias. A leitura de Isabel dos Santos é a de que a administração do BPI, em vez de resolver um problema - a exposição do banco a Angola através do BFA - criou uma outra frente de batalha.
Aliás, durante a reunião do conselho de administração desta quinta-feira, Mário Leite Silva terá enumerado de forma exaustiva as razões pelas quais a Santoro se opõe a esta alteração estatutária, tendo votado contra a marcação de uma AG extraordinária.
Para Isabel dos Santos o momento escolhido pelo BPI para insistir na desblindagem dos estatutos é inadequado, além de ser uma atitude hostil para com a Santoro. Mário Leite Silva, segundo informações recolhidas pelo Negócios, terá afirmado durante a referida reunião que a Santoro estará disponível para avaliar a desblindagem de estatutos do BPI quando existir um acordo fechado para que o banco concretize operações de consolidação, seja uma fusão com o BCP ou a compra do Novo Banco.
Na óptica de Isabel dos Santos, esta insistência na desblindagem vulnerabiliza o BPI, num momento em que existem novas regras para o sistema financeiro impostas pelo Banco Central Europeu, que o banco liderado por Fernando Ulrich corre o risco de não poder cumprir. Além disso, as margens do negócio financeiro estão cada vez mais estreitas. Por isso, a empresária angolana insiste na necessidade de que o BPI avance para movimentos de consolidação
Em Junho de 2015, a Santoro já havia votado contra a desblindagem de estatutos do BPI, condição que o Caixabank tinha classificado como essencial para avançar com uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o banco.
As acções do BPI fecharam a sessão desta quinta-feira a valer 93,5 cêntimos, uma subida de 2,41% face à cotação de quarta-feira.