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CaixaBank desiste da OPA ao BPI

O CaixaBank deixou cair a oferta pública de aquisição sobre o Banco BPI, na sequência da recusa da desblindagem dos estatutos. O banco catalão vai analisar a participação que tem no banco. Abre-se o caminho à operação alternativa: a fusão do BPI com o BCP.

Miguel Baltazar
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O CaixaBank deixou cair a oferta pública de aquisição sobre o Banco BPI, uma vez que não conseguiu a desblindagem de estatutos do banco. 

"O CaixaBank informa que o seu conselho de administração acordou a apresentação, junto da CMVM, da desistência do registo da sua oferta de aquisição sobre as acções do BPI, anunciada no passado 17 de Fevereiro", indica o banco catalão num comunicado publicado no site do regulador espanhol CNMV. 

 

A instituição financeira detida pelo La Caixa informa que "não se deu cumprimento à condição em que se eliminaria o limite dos direitos de voto que um accionista pode emitir, estabelecido nos estatutos do BPI, pois a assembleia-geral do BPI de ontem acordou não eliminar essa limitação estatutária". A informação foi, entretanto, já remetida pelo BPI à CMVM

A desistência do CaixaBank acontece, assim, na sequência directa da manutenção dos limites de voto. Era necessária a aprovação por 75% dos votos expressos em assembleia-geral para que houvesse uma alteração de estatutos, mas apenas 52% deram o seu aval, pelo que a opção caiu. E esta era uma condição de eficácia da oferta – ou seja, para seguir em frente, o banco catalão teria agora de retirá-la. O que não aconteceu. O CaixaBank optou por retirar a OPA. 

 

Além da desblindagem, também o preço da contrapartida oferecida estava a causar dúvidas: os 1,329 euros propostos pelo CaixaBank foram considerados baixos tanto pela administração do BPI como pelos principais accionistas, entre os quais Isabel dos Santos e o Grupo Violas Ferreira. 

Análise ao futuro do CaixaBank no BPI


Neste momento, a entidade espanhola tem 44,1% do capital do banco mas apenas pode votar por 20%. O CaixaBank já havia dito que não estava disponível para manter uma posição no capital a que não correspondesse o mesmo nível de direitos de voto. 

Sem mais pormenores, o banco indica, no comunicado à espanhola CNMV, que vai iniciar "uma fase de análise às alternativas estratégicas disponíveis em relação à sua participação no BPI, tendo em conta os objectivos do seu plano estratégico 2015-2018". 

O plano estratégico do CaixaBank, apresentado em Março, já depois do anúncio preliminar, foi feito sem levar em consideração uma eventual compra do BPI. O documento de 120 páginas, nas poucas referências ao banco português, dizia que a aquisição era um "passo natural" dado o "conhecimento profundo do BPI e de Portugal" que o grupo catalão diz ter "desde 1995".

Caminho para a fusão?

Com a decisão vinda de Espanha, e com a "análise" feita pelo CaixaBank, fica aberto o caminho para a solução defendida pela segunda maior accionista do BPI, Isabel dos Santos. A empresária angolana, que responde por cerca de 18% do capital, quer promover uma fusão entre o BPI e o BCP, de forma a criar o maior banco do sistema financeiro nacional. 

Ao Negócios, o representante da empresa Santoro no BPI, Mário Leite Silva, afirmou ontem estar disponível para "criar soluções" no banco, defendendo mais uma vez essa alternativa. Contactado esta quinta-feira, depois do anúncio da desistência, fonte oficial da "holding" liderada por Isabel dos Santos não quis fazer comentários, remetendo uma posição oficial para "o momento oportuno". Uma afirmação que repetiu quando questionado sobre se esta desistência da OPA era um sinal de abertura para uma fusão entre o BCP e o BPI. 

À espera de uma informação do banco catalão, que só veio depois do fecho dos mercados, o regulador do mercado de capitais português optou por suspender, na manhã de quinta-feira, as acções do BPI num momento em que subiam 1,86% para 1,259 euros. Entretanto, a informação já foi divulgada. O BCP fechou, no encerramento das bolsas, 0,89% para 7,8 cêntimos. 



(Notícia actualizada pela última vez às 18h42 com mais informações)
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